Cidadania
Já é sabido por todos que o sentimento de ser cidadão em Portugal anda pelas ruas da amargura, mas há limites...
Hoje de manhã, ia eu na rua, pelo passeio fora, rumo ao meu destino, quando, encostado às grades de uma passagem aérea para peões, mas do lado de fora, voltado para a estrada, vejo um homem, um senhor dos seus 40 anos, a olhar para a esquerda, bastante concentrado.
"O homem deve estar à espera da boleia!" foi o que eu pensei, imediatamente, pois tudo apontava para tal. De certo, ele não ia atravessar a via rápida de seis faixas de rodagem, pelo meio da estrada, quando estava precisamente encostado a uma passagem aérea para peões.
Sigo, com a música nos ouvidos, e um bichinho a provocar-me: "Pintelho, olha para trás, que vais ter uma surpresa!".
Olhei.
O homem lá ia, a correr, todo atarefado, a atravessar a estrada, mesmo por baixo da sombra da passagem aérea (para estas pessoas, as passagens aéreas têm essa função, a de fornecer sombras, que sabem tão bem em dias quentes, como o de hoje).
Sobre a falta de consciência e sentido cívico do senhor, nada tenho a dizer. Julguem vocês mesmos. Há, no entanto, outras questões que se levantam, como por exemplo:
- Qual a dificuldade que alguém mais velho pode sentir para subir aquela íngreme rampa?
- Que cidade, além de Braga, é cortada literalmente ao meio por uma via rápida, como é o caso da estrada em questão, a conhecida rodovia?
Noutras cidades e noutros países há passagens menos íngremes, ou passadeiras rolantes, precisamente para as pessoas com mais dificuldade em subir as inclinadas rampas, que me cansam até a mim, que sou jovem.
Noutras cidades e noutros países, as vias rápidas são circulares, exteriores à cidade, para evitar este tipo de problemas.
Os senhores que tratam do trânsito deviam pensar um bocado, mas não! Enquanto que os seus Mercedes puderem circular à vontade, os outros que se desenrasquem como conseguirem!
O senhor Presidente da Cãmara Municipal, Mesquita Machado, não é visto na cidade como pedestre. Se ele soubesse usar as pernas para caminhar, ele, que tem feito obras como esta, ele, sempre preocupado com o bem dos automobilistas, ele, que usa o automóvel todos os dias a toda a hora, ele, que não pensa em quem circula a pé, ele, ia reflectir sobre o caso...
Pintelho
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Já é sabido por todos que o sentimento de ser cidadão em Portugal anda pelas ruas da amargura, mas há limites...
Hoje de manhã, ia eu na rua, pelo passeio fora, rumo ao meu destino, quando, encostado às grades de uma passagem aérea para peões, mas do lado de fora, voltado para a estrada, vejo um homem, um senhor dos seus 40 anos, a olhar para a esquerda, bastante concentrado.
"O homem deve estar à espera da boleia!" foi o que eu pensei, imediatamente, pois tudo apontava para tal. De certo, ele não ia atravessar a via rápida de seis faixas de rodagem, pelo meio da estrada, quando estava precisamente encostado a uma passagem aérea para peões.
Sigo, com a música nos ouvidos, e um bichinho a provocar-me: "Pintelho, olha para trás, que vais ter uma surpresa!".
Olhei.
O homem lá ia, a correr, todo atarefado, a atravessar a estrada, mesmo por baixo da sombra da passagem aérea (para estas pessoas, as passagens aéreas têm essa função, a de fornecer sombras, que sabem tão bem em dias quentes, como o de hoje).
Sobre a falta de consciência e sentido cívico do senhor, nada tenho a dizer. Julguem vocês mesmos. Há, no entanto, outras questões que se levantam, como por exemplo:
- Qual a dificuldade que alguém mais velho pode sentir para subir aquela íngreme rampa?
- Que cidade, além de Braga, é cortada literalmente ao meio por uma via rápida, como é o caso da estrada em questão, a conhecida rodovia?
Noutras cidades e noutros países há passagens menos íngremes, ou passadeiras rolantes, precisamente para as pessoas com mais dificuldade em subir as inclinadas rampas, que me cansam até a mim, que sou jovem.
Noutras cidades e noutros países, as vias rápidas são circulares, exteriores à cidade, para evitar este tipo de problemas.
Os senhores que tratam do trânsito deviam pensar um bocado, mas não! Enquanto que os seus Mercedes puderem circular à vontade, os outros que se desenrasquem como conseguirem!
O senhor Presidente da Cãmara Municipal, Mesquita Machado, não é visto na cidade como pedestre. Se ele soubesse usar as pernas para caminhar, ele, que tem feito obras como esta, ele, sempre preocupado com o bem dos automobilistas, ele, que usa o automóvel todos os dias a toda a hora, ele, que não pensa em quem circula a pé, ele, ia reflectir sobre o caso...
Pintelho
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