ESAS informatizada
Como qualquer escola rica, a ESAS, escola que eu frequento, vai informatizar todo o sistema. Os alunos passam a ser portadores de cartão pessoal, com o qual não só marcam as presenças como também podem utilizar todos os serviços da escola. Para isso basta carregar o cartão com um certo crédito. Em todas as salas de aulas, bem como em todos os blocos, laboratórios e afins, estará instalado um computador.
Este sistema informático tem por fim acabar com o trabalho que os professores têm de carregar livros de ponto (ainda pesam um quilito...) e com o trabalho dos Auxiliares de Acção Educativa, consistente até aqui em pegar numa caneta e assinalar as faltas dos professores.
O ponto que eu quero focar não é o das desvantagens deste sistema. Não, porque essas já são sabidas.
Como disse no início deste post, este sistema é típico das escolas ricas. Ora rica é algo que a minha escola não é.
Como se não houvessem outras necessidades, vão-se gastar milhares de euros no novo sistema informático. Milhares de euros cuja utilidade poderia ser outra, bastante diferente, e, provavelmente, uma utilidade mais útil. É que com esses euros poder-se-ia, por exemplo, dividir as enormes turmas a meio, aumentar o rendimento escolar dos alunos e criar novos postos de trabalho. Poder-se-ia gastar o montante, por exemplo, na aquisição de aquecedores. Não imaginam o frio que se rapa naquelas salas, durante o Inverno, pois não? Poder-se-ia mesmo gastar as verbas na aquisição de material de primeira necessidade. Alguns livros da biblioteca estão deteriorados, o giz de cor é racionado, os retroprojectores passam o tempo avariados... Poder-se-iam fazer obras no interior dos blocos onde funcionam as aulas, já que o Bloco 1 (para quem conhece a escola), tem o tecto cheio de buracos, motivo pelo qual chove copiosamente no átrio. Poder-se-ia, ainda, dar a reforma antecipada aos professores mais idosos, dando o lugar a outros, mais novos e mais capazes de dar aulas... Sim, é que há professores que já não são capazes de dar aulas, e há professores muito bons no desemprego.
Enfim, estas seriam eventuais utilidades para o dinheiro a dispender com este sistema novo que implicará profundas reestruturações em toda a escola, e mesmo obras, que também são caras, para criar as casotas que vão alojar os computadores para os alunos "picarem o ponto".
Mas não. Estas utilidades são para escolas pobres. A Secundária Alberto Sampaio é rica... E continua a não passar de uma escola mediana... Mediana a puxar para o mau... E os cartões vão fazer com que tudo mude.
Pintelho
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Como qualquer escola rica, a ESAS, escola que eu frequento, vai informatizar todo o sistema. Os alunos passam a ser portadores de cartão pessoal, com o qual não só marcam as presenças como também podem utilizar todos os serviços da escola. Para isso basta carregar o cartão com um certo crédito. Em todas as salas de aulas, bem como em todos os blocos, laboratórios e afins, estará instalado um computador.
Este sistema informático tem por fim acabar com o trabalho que os professores têm de carregar livros de ponto (ainda pesam um quilito...) e com o trabalho dos Auxiliares de Acção Educativa, consistente até aqui em pegar numa caneta e assinalar as faltas dos professores.
O ponto que eu quero focar não é o das desvantagens deste sistema. Não, porque essas já são sabidas.
Como disse no início deste post, este sistema é típico das escolas ricas. Ora rica é algo que a minha escola não é.
Como se não houvessem outras necessidades, vão-se gastar milhares de euros no novo sistema informático. Milhares de euros cuja utilidade poderia ser outra, bastante diferente, e, provavelmente, uma utilidade mais útil. É que com esses euros poder-se-ia, por exemplo, dividir as enormes turmas a meio, aumentar o rendimento escolar dos alunos e criar novos postos de trabalho. Poder-se-ia gastar o montante, por exemplo, na aquisição de aquecedores. Não imaginam o frio que se rapa naquelas salas, durante o Inverno, pois não? Poder-se-ia mesmo gastar as verbas na aquisição de material de primeira necessidade. Alguns livros da biblioteca estão deteriorados, o giz de cor é racionado, os retroprojectores passam o tempo avariados... Poder-se-iam fazer obras no interior dos blocos onde funcionam as aulas, já que o Bloco 1 (para quem conhece a escola), tem o tecto cheio de buracos, motivo pelo qual chove copiosamente no átrio. Poder-se-ia, ainda, dar a reforma antecipada aos professores mais idosos, dando o lugar a outros, mais novos e mais capazes de dar aulas... Sim, é que há professores que já não são capazes de dar aulas, e há professores muito bons no desemprego.
Enfim, estas seriam eventuais utilidades para o dinheiro a dispender com este sistema novo que implicará profundas reestruturações em toda a escola, e mesmo obras, que também são caras, para criar as casotas que vão alojar os computadores para os alunos "picarem o ponto".
Mas não. Estas utilidades são para escolas pobres. A Secundária Alberto Sampaio é rica... E continua a não passar de uma escola mediana... Mediana a puxar para o mau... E os cartões vão fazer com que tudo mude.
Pintelho
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