Um blog de todos nós. Afinal, pintelhos todos temos... Uns mais, outros menos...

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

E depois não querem que eles sejam assim

Eles. Os nossos descendentes.
Nossos, não. Vossos, porque eu ainda não procriei.

Este post volta a versar sobre chupa-chupas. Sobre um modelo de chupa-chupa em particular. Da marca Chupa Chups. O modelo dá pelo nome de Cuore di Frutta.
Começando pela marca. Chupa Chups.
Todos sabemos que o verbo chupar possui, na sociedade ocidental, uma fortíssima conotação sexual. Senão, ao vulgar "chupar" do pilau, chamar-lhe-iamos, por exemplo, emborcar, abocanhar. Sei lá. O verbo chupar adquiriu a conotação sexual presente porque o acto de chupar um chupa-chupa (que deve o seu nome à marca visada), que, todos sabemos, é um excelente afrodisíaco, é sempre evocado quando observamos uma cena de sexo oral. Assim ficou "chupar" e não "emborcar".
Depois há todo o marketing utilizado pela marca para promover este produto. Entre todo o marketing utilizado, concentro-me na embalagem. Atentem.
Olhando para a embalagem, salta à vista uma imagem da dita guloseima que, como já mencionei vezes sem conta, é uma mera representação de um apetitoso falo (aí está o apelo ao sexo oral praticado a homens).
Por aqui, começamos imediatamente a notar que este não é o caminho. A educação que desejamos dar aos nossos descendentes não passa pelo acesso à sexualidade gratuita. Não. Veículos de pornografia, sim. Mas a pagar. E a educação sexual, essa, dada pelo pároco da igraja mais próxima, que é um ser que entende realmente o fenómeno.
Mas isto não é tudo.
Se, em tempos, para aludir a uma "chupadela" bem feita, foi lançado no mercado um refrigerante de tomate, este produto ousa mesmo ensinar os Doutores de amanhã a arte de bem chupar.
Mantendo os olhos na parte frontal da embalagem, lemos expressões soltas: "Com polpa de fruta" e "Chupar + Morder". Assim, se por um lado o chupa-chupa ensina (aos homens homossexuais e mulheres heterossexuais) a arte de bem praticar sexo oral, por outro lado deseduca toda e qualquer criança que esteja a percorrer o árduo trilho da verdadeira essência da educação sexual. E é aí que eu coloco o meu pé atrás. Aí coloco as minhas ressalvas. Como é? Afinal estão aqui para ensinar como praticar sexo oral (continuo a achar que isso é tarefa dos peritos - os padres) ou para ensinar a melhor maneira de assassinar provocando dor? Morder?
Mas isto não pára por aqui. É que, voltando a embalagem, lemos facilmente, e em letras gorduchas, "O prazer de Chupar e Morder Fruta".
Eu gostaria de acreditar que a intenção da marca com esta afirmação fosse ensinar uma bela prática sado-masoquista, mas a partir do momento em que não é claramente identificada a intensidade e forma da mordidela, coloco-me completa e radicalmente contra o produto. É perigoso. Assassino, diria até. Qua haja na Internet informação gratuita acerca de como fabricar bombas, ainda vá que não vá, mas que se apele directamente à mordidela na fruta, é um crime. E eu não ando aqui para que brinquem com coisas sérias! Creio até, ouso dizê-lo, que, se este produto não for celeremente retirado do mercado, o futuro da humanidade pode estar comprometido. Sem homens com capacidade reprodutora, a espécie não proliferará.

Para terminar este indignado post, lanço uma questão de debate.
Que futuro? Qu fututo para uma sociedade em que o assassínio sexual brutal que atenta à dignidade humana e viola os mais básicos direitos da Humanidade é gratuitamente pregado e ensinado até nas embalagens de guloseimas?
Que futuro?

Pintelho

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