Prefácio à edição de 1976
(...) Mas não é ficção científica: é ciência. Seja ou não um lugar-comum, «mais estranho do que a ficção», exprime exactamente como me sinto em relação à verdade. Nós somos máquinas de sobrevivência - robots cegamente programados para preservar as moléculas egoístas conhecidas por «genes». Esta é uma verdade que ainda me enche de admiração. Embora o saiba há muitos anos, não consigo habituar-me completamente à ideia. (...)
(Richard Dawkins. 1989. O Gene Egoísta)
Estava ontém tranquilamente a começar a ler O Gene Egoísta quando me deparei com o pensamento, já trintão, que acabei de transcrever. Fiuqei de tal maneira inquietado que resolvi, no imediato, partilhar o excerto.
Parece quase desumana a forma como os genes brincam connosco, nos iludem com sensações de independência e autonomia e, no entanto, sempre acabamos por lhes obedecer. Cientistas sociais invejam, concerteza, uma hierarquia tão bem desenhada, uma daquelas que não fugiria a nenhum critério de nenhum manual. Pessoas humanas conscientes, revolucionárias e iludidas com a sensação da liberdade para agir lutam contra a idéia de serem tão completamente dominadas por entidades microscópicas sem qualquer espécie de cérebreo pensador. Mas elas estão no nosso cérebro. Aos milhares de milhões. No de cada um de nós.
A dissertação poderia continuar, e cada um dos leitores pode completar este texto como bem entender. Eu não me alongo, pois sobre isso muitos autores neodarwinistas ortodoxos já escreveram. Mas há algo que me deixa com um nervoso-miudinho, uma inquietude... A pertinência que, após trinta anos de investigações científicas e acumulação de conhecimento, este excerto mantém.
Será que algum dia este excerto passará de pertinente a obsoleto?
Pensando na teoria da evolução das espécies aplicada à genética, quem não se sente um actor no filme de ficção científica mais perfeitamente construido?
Que guião fantástico...
Quem não se sente incomodado pela idéia de falta de controlo e domínio, autonomia e livre-arbítrio?
Que assustador...
E por hoje me vou, inquieto, ver se espreito mais umas páginas do livro que ontém me roubou umas horas ao sono.
Pintelho
(Richard Dawkins. 1989. O Gene Egoísta)
Estava ontém tranquilamente a começar a ler O Gene Egoísta quando me deparei com o pensamento, já trintão, que acabei de transcrever. Fiuqei de tal maneira inquietado que resolvi, no imediato, partilhar o excerto.
Parece quase desumana a forma como os genes brincam connosco, nos iludem com sensações de independência e autonomia e, no entanto, sempre acabamos por lhes obedecer. Cientistas sociais invejam, concerteza, uma hierarquia tão bem desenhada, uma daquelas que não fugiria a nenhum critério de nenhum manual. Pessoas humanas conscientes, revolucionárias e iludidas com a sensação da liberdade para agir lutam contra a idéia de serem tão completamente dominadas por entidades microscópicas sem qualquer espécie de cérebreo pensador. Mas elas estão no nosso cérebro. Aos milhares de milhões. No de cada um de nós.
A dissertação poderia continuar, e cada um dos leitores pode completar este texto como bem entender. Eu não me alongo, pois sobre isso muitos autores neodarwinistas ortodoxos já escreveram. Mas há algo que me deixa com um nervoso-miudinho, uma inquietude... A pertinência que, após trinta anos de investigações científicas e acumulação de conhecimento, este excerto mantém.
Será que algum dia este excerto passará de pertinente a obsoleto?
Pensando na teoria da evolução das espécies aplicada à genética, quem não se sente um actor no filme de ficção científica mais perfeitamente construido?
Que guião fantástico...
Quem não se sente incomodado pela idéia de falta de controlo e domínio, autonomia e livre-arbítrio?
Que assustador...
E por hoje me vou, inquieto, ver se espreito mais umas páginas do livro que ontém me roubou umas horas ao sono.
Pintelho
<< Home