Justino 2 by Pintelho
Caramelo: desta vez desiludiste-me sinceramente. Porra! Estamos todos unidos na luta, vestiste a minha t-shirt, por pouco tempo, é certo, e desististe antes de o Ministro chegar. Por outro lado, como se fosses o Rei, critícas as pessoas que, pelo menos, tentaram tornar aquela manifestação digna. Se o Ministro chegou tarde, a culpa não é da rapariga do megafone, uma colega nossa, que lutava pelos seus nossos direitos. Além disso, uma vez que não temos direito à greve, eu fugi-te por algum tempo. A rapariga, a quem eu dou os meus mais sinceros parabéns, só estava a tentar manter 1000 jovens entre os 14 e os 18 anos unidos, desde as dez horas até às duas da tarde, com um Sol que já parece de Verão, à espera de um Senhor que, muito cordealmente, nem sequer aceitou receber das mãos dos nossos representantes um caderno reivindicativo onde não ferimos susceptibilidades, apenas mostrámos o nosso ponto de vista comum. Pois, com certeza, enquanto Ministro da Educação, tem mais em que pensar a não ser os alunos.Tenho dito. A chapada e a discussão mais caliente ficam para amanhã.
Às oito e meia de hoje mobilizou-se o Pintelho, no portão da sua escola, simbolicamente fechado a cadeado.
Uma vez na rua, segui junto a uma faixa que dizia "Contra o fim da 2ª Fase dos Exame!", que eu recusei sustentar, e que nem sequer foi, mais tarde, colocada para que o Ministro visse. Acerca dessa faixa:
Porra... fim "dos exame??" 2ª Fase? O que acabou foi a 2ª chamada e escreve-se dos exames. A minha teoria segue-se: Isto foi tudo propositado para mostrar ao David Mourinho que a nossa educação anda tão má que nem sabemos por que lutamos nem como escrever em português. Nós somos muito bons a ironizar.
A manifestação subiu a Avenida 31 de Janeiro, concentrou-se junto ao maior símbolo capitalista da cidade, desceu para o P.E.B. e lá se realizou uma autêntica prova de resistência. Àquelas pernas que, em muitos casos, já tinham alguns quilómetros de marcha em cima, exigiu-se que esperassem desde as dez horas da manhã até à uma da tarde por um Ministro que nem sequer se dignou a receber UM ÚNICO REPRESENTANTE das A.E.s. Olé! És o maior!
Entretanto, o pessoal foi desmobilizando, pois nem todos aguentam tanto tempo de estômago vazio, e, enfim, a paciência tem os seus limites. Fui ao teste, passando o testemunho ao Caramelo, e, quando voltei, surpreendi-me. Ao meio-dia o cagão (sim, o Justino) não tinha chegado? Entretanto os mil tinham-se reduzido aí a 5% disso, e menos resistiram até à saída do Ministro do P.E.B, quase às duas da tarde. Tudo isto para quê: Para demonstrar que o nosso Ministro não só está a seguir a política mais inadequada, mais repressora, mais discriminatória e mais injusta que pode haver, como nem sequer se digna a ouvir os principais interessados.
As curiosidades da manifestação:
Seguindo por ordem cronológica:
-Aquando do corte do túnel que liga a Avenida Central à Avenida da Liberdade, os alunos das diversas escolas começaram a gritar pelo nome das suas escolas. Que caralho, mas é impressão minha ou é suposto estarmos unidos, nesta oportunidade de pôr Braga no mapa das manifestações estudantis, e de abalarmos a reputação do Ministro?
-Políticas aparte, o Pintelho assistiu a um frente-a-frente (ou quase) de duas candidatas a vocalista dos Melkor. Não se mataram, mas lá que olhavam uma para a outra com expressões do tipo "Caralhos te fodam vaca puta", lá isso olhavam!
-Voltando às políticas, quando o Ministro da Educação se preparava para abandonar o P.E.B., um colega nosso, notando que o Ministro não ia dialogar com os estudantes, disse duas frases ao megafone, já exaltado: "Olha o cromo não vem!", e, ao notar que não havia feed-back, "Paneleiro não nos quer ouvir!". O rapaz estava exaltado, mas exaltados ficámos todos quando um polícia disse "Isso é mé-educação, que é isso?". A resposta, pronta, foi: "Que educação? A que este Ministro nos dá? Não temos!". De novo o polícia "Se não baixas a bolinha, eu tiro-te o megafone! Isto é um aviso!" Na minha terra, isso tem nome, e não é aviso: C,E,N,S,U,R,A! (obrigado Kayak).
-Entretanto, passei pelo Bruno, que me disse que tinha a minha cassete. Desatei-me a rir. Querem saber porquê? Leiam o post de 8 de Janeiro (procurem, isso mesmo!!).
Aos outros resistentes que aguardaram até ao fim de tudo, até ao desaparecimento do Ministro no seu automóvel topo de gama à la capitalista, ao fundo da rua, os agradecimentos dos estudantes de todo o país. Alguma coisa mudámos de certeza. Pelo menos, algumas radios ouviram um colega nosso a demonstrar a nossa indignação e uma televisão DO ESTADO fez um directo em que um colega nosso (o mesmo que falou às radios) exprimiu as nossas opiniões em relação ao estado da Educação (letra grande será demais, mas enfim...), em Portugal(confesso que ainda não vi a entrevista, logo, não posso comentar). Pelo menos o país tomou conhecimento que esta luta, que se trava desde o dia 11 de Maio de 2000, cujo ponto mais alto (200000 estudantes no país, em luta), se passou a 8 de Fevereiro de 2001, continua, está mais viva que nunca, e ainda temos muito que lutar. "Morte à revisão!". Dia 19 de Fevereiro é dia de Manifestação Nacional dos Estudantes do Ensino Secundário. Estudantes bracarenses: hoje o Ministro esteve cá, soubemos mostrar que estamos indignados. Dia 19 temos o poder nas nossas mãos. Adram à manifestação, não do modo como a maioria adere, ficando em casa, mas MANIFESTANDO-SE, nas ruas.
Obrigado Senhor Ministro da Educação, pelo respeito com que recebeu os nossos representantes. Viva!
Pintelho (inspirado... Tenho que ir tomar fôlego. Tinha tanta coisa para escrever, mas isto é um blog, não é nenhum jornal de política...)
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Caramelo: desta vez desiludiste-me sinceramente. Porra! Estamos todos unidos na luta, vestiste a minha t-shirt, por pouco tempo, é certo, e desististe antes de o Ministro chegar. Por outro lado, como se fosses o Rei, critícas as pessoas que, pelo menos, tentaram tornar aquela manifestação digna. Se o Ministro chegou tarde, a culpa não é da rapariga do megafone, uma colega nossa, que lutava pelos seus nossos direitos. Além disso, uma vez que não temos direito à greve, eu fugi-te por algum tempo. A rapariga, a quem eu dou os meus mais sinceros parabéns, só estava a tentar manter 1000 jovens entre os 14 e os 18 anos unidos, desde as dez horas até às duas da tarde, com um Sol que já parece de Verão, à espera de um Senhor que, muito cordealmente, nem sequer aceitou receber das mãos dos nossos representantes um caderno reivindicativo onde não ferimos susceptibilidades, apenas mostrámos o nosso ponto de vista comum. Pois, com certeza, enquanto Ministro da Educação, tem mais em que pensar a não ser os alunos.Tenho dito. A chapada e a discussão mais caliente ficam para amanhã.
Às oito e meia de hoje mobilizou-se o Pintelho, no portão da sua escola, simbolicamente fechado a cadeado.
Uma vez na rua, segui junto a uma faixa que dizia "Contra o fim da 2ª Fase dos Exame!", que eu recusei sustentar, e que nem sequer foi, mais tarde, colocada para que o Ministro visse. Acerca dessa faixa:
Porra... fim "dos exame??" 2ª Fase? O que acabou foi a 2ª chamada e escreve-se dos exames. A minha teoria segue-se: Isto foi tudo propositado para mostrar ao David Mourinho que a nossa educação anda tão má que nem sabemos por que lutamos nem como escrever em português. Nós somos muito bons a ironizar.
A manifestação subiu a Avenida 31 de Janeiro, concentrou-se junto ao maior símbolo capitalista da cidade, desceu para o P.E.B. e lá se realizou uma autêntica prova de resistência. Àquelas pernas que, em muitos casos, já tinham alguns quilómetros de marcha em cima, exigiu-se que esperassem desde as dez horas da manhã até à uma da tarde por um Ministro que nem sequer se dignou a receber UM ÚNICO REPRESENTANTE das A.E.s. Olé! És o maior!
Entretanto, o pessoal foi desmobilizando, pois nem todos aguentam tanto tempo de estômago vazio, e, enfim, a paciência tem os seus limites. Fui ao teste, passando o testemunho ao Caramelo, e, quando voltei, surpreendi-me. Ao meio-dia o cagão (sim, o Justino) não tinha chegado? Entretanto os mil tinham-se reduzido aí a 5% disso, e menos resistiram até à saída do Ministro do P.E.B, quase às duas da tarde. Tudo isto para quê: Para demonstrar que o nosso Ministro não só está a seguir a política mais inadequada, mais repressora, mais discriminatória e mais injusta que pode haver, como nem sequer se digna a ouvir os principais interessados.
As curiosidades da manifestação:
Seguindo por ordem cronológica:
-Aquando do corte do túnel que liga a Avenida Central à Avenida da Liberdade, os alunos das diversas escolas começaram a gritar pelo nome das suas escolas. Que caralho, mas é impressão minha ou é suposto estarmos unidos, nesta oportunidade de pôr Braga no mapa das manifestações estudantis, e de abalarmos a reputação do Ministro?
-Políticas aparte, o Pintelho assistiu a um frente-a-frente (ou quase) de duas candidatas a vocalista dos Melkor. Não se mataram, mas lá que olhavam uma para a outra com expressões do tipo "Caralhos te fodam vaca puta", lá isso olhavam!
-Voltando às políticas, quando o Ministro da Educação se preparava para abandonar o P.E.B., um colega nosso, notando que o Ministro não ia dialogar com os estudantes, disse duas frases ao megafone, já exaltado: "Olha o cromo não vem!", e, ao notar que não havia feed-back, "Paneleiro não nos quer ouvir!". O rapaz estava exaltado, mas exaltados ficámos todos quando um polícia disse "Isso é mé-educação, que é isso?". A resposta, pronta, foi: "Que educação? A que este Ministro nos dá? Não temos!". De novo o polícia "Se não baixas a bolinha, eu tiro-te o megafone! Isto é um aviso!" Na minha terra, isso tem nome, e não é aviso: C,E,N,S,U,R,A! (obrigado Kayak).
-Entretanto, passei pelo Bruno, que me disse que tinha a minha cassete. Desatei-me a rir. Querem saber porquê? Leiam o post de 8 de Janeiro (procurem, isso mesmo!!).
Aos outros resistentes que aguardaram até ao fim de tudo, até ao desaparecimento do Ministro no seu automóvel topo de gama à la capitalista, ao fundo da rua, os agradecimentos dos estudantes de todo o país. Alguma coisa mudámos de certeza. Pelo menos, algumas radios ouviram um colega nosso a demonstrar a nossa indignação e uma televisão DO ESTADO fez um directo em que um colega nosso (o mesmo que falou às radios) exprimiu as nossas opiniões em relação ao estado da Educação (letra grande será demais, mas enfim...), em Portugal(confesso que ainda não vi a entrevista, logo, não posso comentar). Pelo menos o país tomou conhecimento que esta luta, que se trava desde o dia 11 de Maio de 2000, cujo ponto mais alto (200000 estudantes no país, em luta), se passou a 8 de Fevereiro de 2001, continua, está mais viva que nunca, e ainda temos muito que lutar. "Morte à revisão!". Dia 19 de Fevereiro é dia de Manifestação Nacional dos Estudantes do Ensino Secundário. Estudantes bracarenses: hoje o Ministro esteve cá, soubemos mostrar que estamos indignados. Dia 19 temos o poder nas nossas mãos. Adram à manifestação, não do modo como a maioria adere, ficando em casa, mas MANIFESTANDO-SE, nas ruas.
Obrigado Senhor Ministro da Educação, pelo respeito com que recebeu os nossos representantes. Viva!
Pintelho (inspirado... Tenho que ir tomar fôlego. Tinha tanta coisa para escrever, mas isto é um blog, não é nenhum jornal de política...)
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