Coisas de Deus
Mais um ano.
Mais uma Páscoa.
Mais uma vez, nas Filipinas, o único país asiático de maioria cristã, o ritual da crucificação é repetido, em nome de um Deus.
Doze homens e duas mulheres foram crucificados em nome de Deus, por crerem que a cura para os males padecidos reside na dor, no acto de reviver a crucificação de Jesus Cristo.
Imagens de homens a flagelarem-se pelas ruas, com as costas de uma cor vermelha viva, de cruzes erguidas com caras agoniadas, e de uma plateia vibrante composta por cristãos de todas as idades, a assistir ao hediondo espectáculo, circulam pelo mundo, nos telejornais, nos jornais, na Internet.
Tudo isto em nome de Deus. Crêem os fiéis que Deus os atenderá se sofrerem, se forem castigados e crucificados como o profeta Jesus.
Crêem que o mal desaparece, se praticarem o mal. O mal de sofrer desnecessariamente, o mal de fazerem da dor um espectáculo, espectáculo no qual não só entram enquanto espectadores, em atitude puramente sádica, como também enquanto participantes.
Mas paro e penso. A religião cristã não crê na paz? Quem vive na dor, viverá em paz? Se não se pode magoar, sequer, os outros, com que legitimidade nos magoamos a nós próprios, com tamanha violência, em nome de um Deus do bem?
Deus não gostará de sangue, suponho eu. Nem de dor. Nem de patetas como estes que, pensando estar a agradar a Deus, só agradam ao Diabo, sofrendo desnecessariamente, violando as leis da auto-estima e dos Direitos Humanos, violando as leis da igreja cristã que, apesar de tudo, mantem uma atitude de apatia face ao problema. Será pecado abrir os olhos àqueles que os têm fechados, que não consguem ver a anormalidade que estão a cometer consigo próprios.
O espectáculo anual agrada ao Diabo, que se ri, e que, para os cristãos, para todos os crentes, está a ganhar esta batalha contra o todo-poderoso Deus, a batalha pela espécie humana que a cada dia que passa perde o conceito de bem, adquirindo cada vez mais o de mal, em nome do bem. Em nome de ideias que nenhum livro sagrado, seja de que religião for, ostenta.
Pintelho
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Mais um ano.
Mais uma Páscoa.
Mais uma vez, nas Filipinas, o único país asiático de maioria cristã, o ritual da crucificação é repetido, em nome de um Deus.
Doze homens e duas mulheres foram crucificados em nome de Deus, por crerem que a cura para os males padecidos reside na dor, no acto de reviver a crucificação de Jesus Cristo.
Imagens de homens a flagelarem-se pelas ruas, com as costas de uma cor vermelha viva, de cruzes erguidas com caras agoniadas, e de uma plateia vibrante composta por cristãos de todas as idades, a assistir ao hediondo espectáculo, circulam pelo mundo, nos telejornais, nos jornais, na Internet.
Tudo isto em nome de Deus. Crêem os fiéis que Deus os atenderá se sofrerem, se forem castigados e crucificados como o profeta Jesus.
Crêem que o mal desaparece, se praticarem o mal. O mal de sofrer desnecessariamente, o mal de fazerem da dor um espectáculo, espectáculo no qual não só entram enquanto espectadores, em atitude puramente sádica, como também enquanto participantes.
Mas paro e penso. A religião cristã não crê na paz? Quem vive na dor, viverá em paz? Se não se pode magoar, sequer, os outros, com que legitimidade nos magoamos a nós próprios, com tamanha violência, em nome de um Deus do bem?
Deus não gostará de sangue, suponho eu. Nem de dor. Nem de patetas como estes que, pensando estar a agradar a Deus, só agradam ao Diabo, sofrendo desnecessariamente, violando as leis da auto-estima e dos Direitos Humanos, violando as leis da igreja cristã que, apesar de tudo, mantem uma atitude de apatia face ao problema. Será pecado abrir os olhos àqueles que os têm fechados, que não consguem ver a anormalidade que estão a cometer consigo próprios.
O espectáculo anual agrada ao Diabo, que se ri, e que, para os cristãos, para todos os crentes, está a ganhar esta batalha contra o todo-poderoso Deus, a batalha pela espécie humana que a cada dia que passa perde o conceito de bem, adquirindo cada vez mais o de mal, em nome do bem. Em nome de ideias que nenhum livro sagrado, seja de que religião for, ostenta.
Pintelho
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