Há dias...

Há dias que podiam ser riscados das nossas vidas, mesmo que isso significasse menos um dia vivido.
Há dias em que parecemos estranhos ao mundo e o mundo nos parece estranho.
Há dias em que comunicar parece um acto digno de seres com inteligência superior. Nesses dias, mais vale isolarmo-nos nas nossas gaiolas de seres irracionais.
Há dias em que tudo nos acontece. Tudo, o que é desagradável.
Há dias em que parece que se esqueceram de nós.
Há dias em que até os descrentes rogam a Deus para os ajudar.
Há dias em que ingerimos o nosso próprio sangue, ainda que por engano.
Há dias que de tão maus que são, o simples facto de saber que um certo guarda-redes não foi convocado para o Euro 2004 e outro guarda-redes, o "meu", o foi, pode mudar tudo, como se o mundo girasse de repente mais depressa, para virar a página e nos ajudar.
Há dias em que de repente compreendemos que somos capazes de comunicar, há dias em que transformamos discussões e zangas em belos reencontros, há dias em que o Sol que teimamos em não ver brilha tanto que acordamos para ele, há dias em que olhamos para factos que nos magoam, sorrimos e os enfrentassemos como se fossem bonitos!

Pintelho