Insónia

Há noites em que não me largas. Não sais da minha cabeça...
É tão bom!
É tão doce...
A noite que passou foi uma dessas noites. Não consegui dormir. Uma luz forte e bela chegou de mansinho, sem pedir licença, e foi-se tornando mais forte, mais consistente, mais clara... A luz que me iluminou a consciência, durante todas aquelas horas, foste tu.
Os lábios suaves, a curvatura da tua face, o corpo de uma princiesa... As pequenas imperfeições que em o serem são perfeitas e te conferem a romântica perfeição...
Fizeste-me companhia nesta noite não-dormida. À distância amaste-me e protegeste-me. Acompanhaste-me nesta escura solidão, mantiveste a minha consciência alegre durante esta penosa caminhada até à luz do dia.
Contigo, nada custou. Foste tu minha companheira de aventuras no silêncio que não ousámos quebrar. Cumplicidades que trocámos nesta noite, jamais serão reveladas.
Foi tão lindo...
Não contes a mais ninguém esta tua aventura na minha mente. Sabes que estará sempre aberta para poderes entrar. Mas só tu tens a chave.
Sabes que sim, que és tu!

Pensando claramente... Não terás sido tu que me roubate esta noite? Será que passei a noite escura num estado de consciência pura porque me roubaste, por uma noite, a chave do sono? Se sim, rouba-ma mais vezes...

Pintelho