Um blog de todos nós. Afinal, pintelhos todos temos... Uns mais, outros menos...

sábado, junho 05, 2004

Rock in Rio Lisboa, 4/06/2004

Eu fui.
Ontém.
Vivi um dia inesquecivel. Um dia que perdurará na memória de qualquer Pintelho, e mesmo na memória das cassetes VHS que utilizei para gravar os concertos.

Pouco passava das onze e meia da manhã quando o autocarro partiu rumo a Lisboa. A hora prevista para a chegada: 16:30.
Ainda dava para arranjar um bom lugar, pensei.
25 quilómetros para Lisboa.
Afinal, este festival é mesmo em Portugal. Uma hora numa fila no sentido Norte-Sul da A1, mesmo tendo-se dado o acidente no sentido Sul-Norte. Sim. Estamos mesmo em Portugal e vou mesmo ver as minhas bandas favoritas. Não é um sonho.
Por estarmos em Portugal, só entrei no recinto, após passar pelas rigorosas medidas de segurança, aos quinze para as dezoito.
Aproximei-me do palco, encontrei o resto do grupo, que fora de comboio.

Moonspell! A melhor banda portuguesa de metal, sem contestação.
De dia, ainda a aquecer os ânimos, a trupe de Fernando Ribeiro deu tudo por tudo para cativar a audiência, que já era de umas dezenas de milhar de almas.
Conseguiu. Um fabuloso concerto. Demasiado curto, mas fabuloso.

Numa altura em que já muita poeira havia sido levantada, subiram ao palco os brasileiros Sepultura.
Imponentes, pesados, com uma bateria soberbamente afinada e um vocalista difícil de igualar, fazendo por vezes esquecer o mítico Max Cavalera, os Sepultura consguiram a proeza de fazer com que a poeira tapasse literalmente a visão do palco.
Uma banda conhecida dos portugueses, que actuou também de dia, e ultimou os preparativos de deixar a audiência de oitenta mil espectadores nas mãos dos Slipknot.

Slipknot que actuaram pela terceira vez em Portugal.
Com o novo álbum na manga, que pouco divulgaram ontém, os norte-americanos mostraram porque são os líderes na arte de insandecer multidões.
A interacção foi perfeita, o público levado, pela simplicidade, à loucura.
Entre os muitos momentos altos, conta-se o salto em massa de oitenta mil pessoas, ao grito de comando de Corey Taylor. Arrepiante.

Finda a actuação dos Slipknot, o Pintelho tratou de arranjar um bom local para assistir aos Deuses Metallica, pela primeira vez em Portugal desde 1999.

O concerto dos Incubus foi passado nas grades laterais, a descansar. Confesso que não prestei atenção, pois a banda não me cativa.

Uma da manhã. O grande momento.
Uma multidão (cujo número total de participantes não me arrisco a estimar, pois já ouvi vários valores diferentes) sedenta de thrash metal aguarda os reis. Os criadores de toda a onda do metal dos últimos vinte anos.
James Hetfield, Kirk Hammet, Lars Ulrich e o estreante em Portugal Robert Trujillo entram em palco, ao som de Blackened, do álbum ...And Justice for All.
E depois de Blackened, Fuel, e depois de Fuel, o delírio!
Os grande senhores do Metal estão em forma, apesar da idade. James Hetfield está francamente melhor, após uma desintoxicação bem sucedida, e Lars Ulrich mostra bem que ainda aí está para o pedal duplo. Kirk é o senhor da guitarra e Rob, o novato da banda, sabe como tocar um baixo e fazer as notas tocarem no interior de cada um. Um grande baixista para a maior banda de metal do mundo.

O encore, ao som de temas de Ride the Lightning, soube a pouco. Cinco anos à espera e só duas horas de concerto? Queremos mais!
Foi um delírio.

Após a saída do recinto, deparei-me com a visão mais estranha do dia.
Às seis da manhã, a estação do Oriente estava a abarrotar de gente vestida de negro, encostada às paredes, sentada ou deitada, ou mesmo no meio do duro chão. Precisámos de procurar bastante para encontrar um lugar desocupado onde dormitar até à hora da partida dos transportes.

Hoje, em Braga, recordo as horas que passei na Bela Vista como algumas das melhores da minha vida. Excelentes concertos, um ambiente espectacular, gente muito simpática e sociável, o verdadeiro espírito.

Foi muito, mas muito, muito bom!
Eu fui. E terei uma história para contar aos meus netos.
"Sabem, o vosso avô viu os Metallica em Portugal, frente a mais de oitenta mil pessoas, na terceira fila, e assistiu a um espectáculo memorável."

Pintelho

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