Quando eu era (ainda mais) pequenino, parte I
Quase, quase, acabado de nascer.
Ainda mal juntava frases, já pensava em escrever. Não é assim a cantiga? Não? Paciência, eu fiz o arranjo.
Hoje deu-me na cachamola e decidi partilhar convosco alguns textos que, sozinho ou na companhia de alguns amigos, escrevi, quando petiz.
Eu explicito. Em tempos, o escritor Virgílio Alberto Vieira teve a arrojada ideia de levar a cabo uma série de Oficias de Escrita. Confrontado com a possibilidade de participar e aprender, o jovem Pintelho não hesitou: "Pai, pai... Eu quero ir...", "Mas, Pintelho, as oficinas são durante a tarde, e tu até tens aulas, e tudo...", "Oh! papá... 'Tou-me a cagar para as aulas... Não achas que aprendo mais em cinco dias de oficina que durante um ano de aulas de Língua Portuguesa?", "Tens razão. Vai, e aproveita!". E aproveitei.
As Oficinas, levadas a cabo um pouco por todo o país, foram um sucesso. Em Braga, realizaram-se na Biblioteca Pública. Dessa experiência sairam textos que, hoje, relendo, me arrancam sorrisos. A inocência infantil... Condicionados pelo tempo, pois raramente lhes era permitido demorar mais que uma hora a produzir cada texto, os pequenos artistas produziram autênticas obras de arte.
É por isso que hoje, em dia de maior nostalgia, me apetece compartilhar convosco alguns textos de um jovem Pintelho, com cerca de doze anos.
As oficinas eram divididas por temáticas, algumas fixas, outras variáveis conforme a região do país. Cá na minha aldeia trabalharam-se Cantares de Berço, logo na primeira tarde de Oficina. Do trabalho, grupal, para habituação, nasceu esta quadra deliciosa:
Magnífica inspiração infantil, modéstia aparte.
A secção que se seguiu, Rimas Nimas Novas, Rimas Velhas, consistia numa proposta de leitura e consequente criação de rimas. Do trabalho, a produção púbica resultante foi:
Numa fase seguinte, já individual, foi-nos proposta a criação de um pequeno poema, subordinado ao tema "A poesia é...". O Pintelho, rapaz pouco dado ao texto poético, escreveu:
A poesia é uma ilha deserta
Com todos os seus habitantes.
É a lua mais clara
Suave luz na terra em que se deita.
É um anjo com asas de fogo,
Ilimitada beleza, a sede,
O copo de água que bebo,
a ponte que separa dois mundos.
É fogo, ardente Sol.
Se fosse hoje, escreveria mais algo dentro do género "A poesia é um bicho de sete cabeças/ para o qual não fui talhado/ Não tenho jeito para esta merda/ Puta que pariu o rimado".
Como o texto já vai longo, decidi dividi-lo em duas partes. Optei por deixar o melhor (a minha veia de contador de estórias) para o fim... Aguardem pela chegada do Pintelho, o verdadeiro herói...
Como aparece ao fim dos episódios das sagas estrangeiras (o estrangeiro, é bom...):
To be continued...
Pintelho
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Ainda mal juntava frases, já pensava em escrever. Não é assim a cantiga? Não? Paciência, eu fiz o arranjo.
Hoje deu-me na cachamola e decidi partilhar convosco alguns textos que, sozinho ou na companhia de alguns amigos, escrevi, quando petiz.
Eu explicito. Em tempos, o escritor Virgílio Alberto Vieira teve a arrojada ideia de levar a cabo uma série de Oficias de Escrita. Confrontado com a possibilidade de participar e aprender, o jovem Pintelho não hesitou: "Pai, pai... Eu quero ir...", "Mas, Pintelho, as oficinas são durante a tarde, e tu até tens aulas, e tudo...", "Oh! papá... 'Tou-me a cagar para as aulas... Não achas que aprendo mais em cinco dias de oficina que durante um ano de aulas de Língua Portuguesa?", "Tens razão. Vai, e aproveita!". E aproveitei.
As Oficinas, levadas a cabo um pouco por todo o país, foram um sucesso. Em Braga, realizaram-se na Biblioteca Pública. Dessa experiência sairam textos que, hoje, relendo, me arrancam sorrisos. A inocência infantil... Condicionados pelo tempo, pois raramente lhes era permitido demorar mais que uma hora a produzir cada texto, os pequenos artistas produziram autênticas obras de arte.
É por isso que hoje, em dia de maior nostalgia, me apetece compartilhar convosco alguns textos de um jovem Pintelho, com cerca de doze anos.
As oficinas eram divididas por temáticas, algumas fixas, outras variáveis conforme a região do país. Cá na minha aldeia trabalharam-se Cantares de Berço, logo na primeira tarde de Oficina. Do trabalho, grupal, para habituação, nasceu esta quadra deliciosa:
O meu pequeno tem sono
Tem sono, quer descansar
Adormece depressinha
Não tarda aí o luar
Tem sono, quer descansar
Adormece depressinha
Não tarda aí o luar
Magnífica inspiração infantil, modéstia aparte.
A secção que se seguiu, Rimas Nimas Novas, Rimas Velhas, consistia numa proposta de leitura e consequente criação de rimas. Do trabalho, a produção púbica resultante foi:
Foge macaco
Meu Lambareiro
Tira a patinha
Do açucareiro
Arre burrinho
Pra Mazagão
Cabeça no ar
Patinha no chão
Meu Lambareiro
Tira a patinha
Do açucareiro
Arre burrinho
Pra Mazagão
Cabeça no ar
Patinha no chão
Numa fase seguinte, já individual, foi-nos proposta a criação de um pequeno poema, subordinado ao tema "A poesia é...". O Pintelho, rapaz pouco dado ao texto poético, escreveu:
A poesia é uma ilha deserta
Com todos os seus habitantes.
É a lua mais clara
Suave luz na terra em que se deita.
É um anjo com asas de fogo,
Ilimitada beleza, a sede,
O copo de água que bebo,
a ponte que separa dois mundos.
É fogo, ardente Sol.
Se fosse hoje, escreveria mais algo dentro do género "A poesia é um bicho de sete cabeças/ para o qual não fui talhado/ Não tenho jeito para esta merda/ Puta que pariu o rimado".
Como o texto já vai longo, decidi dividi-lo em duas partes. Optei por deixar o melhor (a minha veia de contador de estórias) para o fim... Aguardem pela chegada do Pintelho, o verdadeiro herói...
Como aparece ao fim dos episódios das sagas estrangeiras (o estrangeiro, é bom...):
To be continued...
Pintelho
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