Um blog de todos nós. Afinal, pintelhos todos temos... Uns mais, outros menos...

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Admito: Os blogues são um vício.

E é nestas alturas de carência, quando a mão ligada impede o púbico artista de tocar o seu púbico instrumento (não confundam, por favor, com o vulgarmente apelidade pífaro) que os blogues se afirmam como um saudável passatempo. E que tempo se passa na companhia das letras.
No caso, das imagens.
José Pacheco Pereira postou, no dia da minha operação, a imagem que se encontra abaixo, de Fátima Simões, no seu Abrupto.
Hoje, quando fui pôr a leitura do Abrupto em dia, dei comigo a viajar.
Foi aqui perto. A escassos metros. Por trás daquela duna que se esconde perto do canto superior esquerdo da imagem...



Viajei primeiro até ao dia em que te mostrei esta imagem. Não exactamente assim. Aquele rio de baixo está sempre a alterar o seu percurso pelo areal. Não gosta de monotonias, de correr sempre o mesmo trilho. Nem nesse mês eu gostei. Nesse mês, seguindo o sábio conselho do rio, mudei.
No dia em que te mostrei esta imagem, lembro-me ainda, mostraste-me, tímida, o teu bikini do Brasil. Aquele que me prendeu ao teu corpo. À tua simpatia, ao teu sorriso e aos teus lábos, contudo, já me havias prendido, dias antes (terão sido meses?), quando ambos percorríamos, ainda, leitos diferentes. Hoje, agradeço ao rio da imagem, que corria por trás de nós, escondido pelas árvores, mas fazendo-se notar com ruídos gorgolejantes, por nos ter apadrinhado no dia em que nossos leitos se uniram num só.
Divaguei. De volta ao bikini.
Desculpaste o parco tecido que te cobria o corpo. Não supunhas que fosses apanhar sol. Mas as gaivotas que cobrem a fotografia só aparecem ao final da tarde. Durante o dia o areal é nosso. Não esperavas que te deixasse vestida, a sujar a roupa, quando podias tingir de bronze a tua suave pele, enquanto eu te besuntava as costas com aqueles óleos, que usei como pretexto para te tocar e massajar.
Nesse dia almoçámos juntos.
Uns dias depois, por trás da dita duna, num sítio mágico que sempre recordarei e espero nunca desaparecer nem mudar, aconteceu.
Tremias... Eu estava nervoso. Que faço, afinal? Estarei a agir bem?
Deitados nas toalhas, envolvidos pelo turbilhão de emoções que nos serviu de guia durante aqueles quinze dias, deixámos que o que mais desejávamos acontecesse. E aconteceu o mais belo momento. O amor e a paixão, guiados pela insegurança de quem sabe tratar-se esse de um amor ainda proibido (assim o foi, por mais de um mês), culminaram num primeiro beijo rápido, fugaz. O beijo que marcou a transição. Após encontrar o tesouro dos teus lábios, como que preso ao reluzente ouro de um baú acabado de abrir, pedi mais. Não. Roubei mais. O tesouro que te roubei, roubo e espero poder continuar a roubar.
Passou o medo, transformando-se em felicidade e excitação. O turbilhão desfez-se, soprando, desde então, numa leve brisa que impulsionou a nossa relação na direcção que hoje continouo a desejar. E prossigo navegando no mar da fotografia, esperando que a calmaria em que o amor esmoreça não chegue nunca.
Obrigado, JPP, pela viagem que me proporcionou. E obrigado, Pintelha, por teres proporcionado que hoje, a recuperar de uma operação, tenha acedido à mais bela memória da minha vida, através de uma simples imagem.

Pintelho

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