Um blog de todos nós. Afinal, pintelhos todos temos... Uns mais, outros menos...

sábado, julho 10, 2004

Metalcova

Um verdadeiro festival em Vila Cova.
Se os nomes poderiam falar por si, ei-los: Infernal Kingdom, Epping Forest, The Ransack, Talesien, Sacred Sin e Cancer.
Se o post ficasse por aqui, ficaria também a noção, para o público metaleiro, de um excelente festival "underground" ao ar livre. Mas, se o post ficasse por aqui, a verdadeira dimensão do festival Metalcova não seria transmitida. Desta forma, a crítica será inevitável.
Onze da noite, chuva torrencial no campo de futebol de Vila Cova. Os Infernal Kingdom sobem ao palco, onde a chuva também caía a rodos pelos lados, para uma boa prestação. A primeira a que assisti da banda. Contudo, os músicos têm um longo, muito longo caminho a percorrer. Os erros sucediam-se, e a banda não conseguiu fazer esquecer a chuva que nos molhava, aos presentes fora do palco, completamente a descoberto.
Com a chuva a aumentar, seguiu-se o black metal dos Epping Forest, no primeiro bom momento da noite. Note-se: bom. Algum head banging, muitos cabelos a rodopiar, e a chuva, por vezes, era esquecida.
Um dos melhores momentos da noite se seguiu, com a prestação dos barcelenses The Ransack. Talvez pelas t-shirts que o público (onde, orgulhosamente, me incluí) envergava, talvez pelo pacto entre a banda e o S. Pedro, certo é que a chuva parou. Rodeados de amigos, e pela primeira vez em Portugal com o novo baterista Zeus, Shore, Zorro e companhia brindaram-nos com uma muito boa prestação de death metal. De facto, e fazendo juz ao pregão estampado na roupa que vendiam, "Death Lives In Us", a banda entregou-se por completo, num excelente momento de música. Uma banda que evolui dia a dia, e cujos concertos (muitos e bons), que têm ultrapassado as fronteiras nacionais, têm feito crescer a olhos vistos.
Um dos maus momentos da noite veio por parte dos galegos Talesien. O power metal dos espanhóis não convenceu. Nem mesmo a cover de Iron Maiden aqueceu o público. Numa altura em que a luz falhou em palco, e o festival levava uma hora de atraso, os espanhóis, sem adesão por parte do público, que deviam ter encurtado a prestação, seguiram o alinhamento até ao fim, obrigando os presentes (que, apesar da chuva, não eram tão poucos quanto isso) a assistir a uma actuação que, apesar de boa e da excelente qualidade técnica dos músicos, não se enquadrava no espírito do festival.
E coube aos veteranos Sacred Sin a tarefa de repor a (des)ordem no festival. A banda lisboeta foi a grande responsável pelo esquecimento definitivo da chuva que, entretanto, acabara por abrandar um pouco. O death metal irrepreensível dos lisboetas soube a pouco, após uma prestação de apenas trinta minutos. O atraso no horário a isso obrigou. Só penso que os Talesien, por uma questão de sensatez, deviam ter, eles próprios, encurtado a prestação, deixando tempo livre aos Sacred Sin, para que as hostilidades em palco fossem ainda maiores. Grandes, como sempre, numa prestação bastante boa, quando comparada com outras a que assisti, em que o som não esteve tão bem conseguido.
A fechar a noite estiveram em palco os britânicos Cancer. Um thrash metal agressivo, capaz de provocar as maiores movimentações entre o público. Durante uma das melhores prestações underground a que já assisti, os músicos contaram com o apoio de um auditório que conhecia o seu material, e que vibrou ao som da sua experiência. Um concerto que, de tão brilhante, teve mesmo direito a encore.
Durante todo o festvial, nota vinte para o público que, apesar de encharcado até aos ossos, aguentou e reagiu muito bem a todos os bons momentos.

No final, já depois das quatro da manhã, houve que rumar aos carros, arrumar, desmontar o palco, e voltar a casa. Entretanto, tempo ainda para uma foto de família com os Cancer e os The Ransack, que já vinham juntos desde Madrid e Salamanca, tendo partilhado três palcos.
Às cinco da manhã, de volta à minha cama, o pesçoço imóvel, adormeci, com as energias muito bem encaminhadas. E é esse o espírito do metal que, com eventos como este, nunca há-de morrer.
Muito bom!

Pintelho

|
Web Pages referring to this page
Link to this page and get a link back!