Metalcova
Um verdadeiro festival em Vila Cova.
Se os nomes poderiam falar por si, ei-los: Infernal Kingdom, Epping Forest, The Ransack, Talesien, Sacred Sin e Cancer.
Se o post ficasse por aqui, ficaria também a noção, para o público metaleiro, de um excelente festival "underground" ao ar livre. Mas, se o post ficasse por aqui, a verdadeira dimensão do festival Metalcova não seria transmitida. Desta forma, a crítica será inevitável.
Onze da noite, chuva torrencial no campo de futebol de Vila Cova. Os Infernal Kingdom sobem ao palco, onde a chuva também caía a rodos pelos lados, para uma boa prestação. A primeira a que assisti da banda. Contudo, os músicos têm um longo, muito longo caminho a percorrer. Os erros sucediam-se, e a banda não conseguiu fazer esquecer a chuva que nos molhava, aos presentes fora do palco, completamente a descoberto.
Com a chuva a aumentar, seguiu-se o black metal dos Epping Forest, no primeiro bom momento da noite. Note-se: bom. Algum head banging, muitos cabelos a rodopiar, e a chuva, por vezes, era esquecida.
Um dos melhores momentos da noite se seguiu, com a prestação dos barcelenses The Ransack. Talvez pelas t-shirts que o público (onde, orgulhosamente, me incluí) envergava, talvez pelo pacto entre a banda e o S. Pedro, certo é que a chuva parou. Rodeados de amigos, e pela primeira vez em Portugal com o novo baterista Zeus, Shore, Zorro e companhia brindaram-nos com uma muito boa prestação de death metal. De facto, e fazendo juz ao pregão estampado na roupa que vendiam, "Death Lives In Us", a banda entregou-se por completo, num excelente momento de música. Uma banda que evolui dia a dia, e cujos concertos (muitos e bons), que têm ultrapassado as fronteiras nacionais, têm feito crescer a olhos vistos.
Um dos maus momentos da noite veio por parte dos galegos Talesien. O power metal dos espanhóis não convenceu. Nem mesmo a cover de Iron Maiden aqueceu o público. Numa altura em que a luz falhou em palco, e o festival levava uma hora de atraso, os espanhóis, sem adesão por parte do público, que deviam ter encurtado a prestação, seguiram o alinhamento até ao fim, obrigando os presentes (que, apesar da chuva, não eram tão poucos quanto isso) a assistir a uma actuação que, apesar de boa e da excelente qualidade técnica dos músicos, não se enquadrava no espírito do festival.
E coube aos veteranos Sacred Sin a tarefa de repor a (des)ordem no festival. A banda lisboeta foi a grande responsável pelo esquecimento definitivo da chuva que, entretanto, acabara por abrandar um pouco. O death metal irrepreensível dos lisboetas soube a pouco, após uma prestação de apenas trinta minutos. O atraso no horário a isso obrigou. Só penso que os Talesien, por uma questão de sensatez, deviam ter, eles próprios, encurtado a prestação, deixando tempo livre aos Sacred Sin, para que as hostilidades em palco fossem ainda maiores. Grandes, como sempre, numa prestação bastante boa, quando comparada com outras a que assisti, em que o som não esteve tão bem conseguido.
A fechar a noite estiveram em palco os britânicos Cancer. Um thrash metal agressivo, capaz de provocar as maiores movimentações entre o público. Durante uma das melhores prestações underground a que já assisti, os músicos contaram com o apoio de um auditório que conhecia o seu material, e que vibrou ao som da sua experiência. Um concerto que, de tão brilhante, teve mesmo direito a encore.
Durante todo o festvial, nota vinte para o público que, apesar de encharcado até aos ossos, aguentou e reagiu muito bem a todos os bons momentos.
No final, já depois das quatro da manhã, houve que rumar aos carros, arrumar, desmontar o palco, e voltar a casa. Entretanto, tempo ainda para uma foto de família com os Cancer e os The Ransack, que já vinham juntos desde Madrid e Salamanca, tendo partilhado três palcos.
Às cinco da manhã, de volta à minha cama, o pesçoço imóvel, adormeci, com as energias muito bem encaminhadas. E é esse o espírito do metal que, com eventos como este, nunca há-de morrer.
Muito bom!
Pintelho
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Se os nomes poderiam falar por si, ei-los: Infernal Kingdom, Epping Forest, The Ransack, Talesien, Sacred Sin e Cancer.
Se o post ficasse por aqui, ficaria também a noção, para o público metaleiro, de um excelente festival "underground" ao ar livre. Mas, se o post ficasse por aqui, a verdadeira dimensão do festival Metalcova não seria transmitida. Desta forma, a crítica será inevitável.
Onze da noite, chuva torrencial no campo de futebol de Vila Cova. Os Infernal Kingdom sobem ao palco, onde a chuva também caía a rodos pelos lados, para uma boa prestação. A primeira a que assisti da banda. Contudo, os músicos têm um longo, muito longo caminho a percorrer. Os erros sucediam-se, e a banda não conseguiu fazer esquecer a chuva que nos molhava, aos presentes fora do palco, completamente a descoberto.
Com a chuva a aumentar, seguiu-se o black metal dos Epping Forest, no primeiro bom momento da noite. Note-se: bom. Algum head banging, muitos cabelos a rodopiar, e a chuva, por vezes, era esquecida.
Um dos melhores momentos da noite se seguiu, com a prestação dos barcelenses The Ransack. Talvez pelas t-shirts que o público (onde, orgulhosamente, me incluí) envergava, talvez pelo pacto entre a banda e o S. Pedro, certo é que a chuva parou. Rodeados de amigos, e pela primeira vez em Portugal com o novo baterista Zeus, Shore, Zorro e companhia brindaram-nos com uma muito boa prestação de death metal. De facto, e fazendo juz ao pregão estampado na roupa que vendiam, "Death Lives In Us", a banda entregou-se por completo, num excelente momento de música. Uma banda que evolui dia a dia, e cujos concertos (muitos e bons), que têm ultrapassado as fronteiras nacionais, têm feito crescer a olhos vistos.
Um dos maus momentos da noite veio por parte dos galegos Talesien. O power metal dos espanhóis não convenceu. Nem mesmo a cover de Iron Maiden aqueceu o público. Numa altura em que a luz falhou em palco, e o festival levava uma hora de atraso, os espanhóis, sem adesão por parte do público, que deviam ter encurtado a prestação, seguiram o alinhamento até ao fim, obrigando os presentes (que, apesar da chuva, não eram tão poucos quanto isso) a assistir a uma actuação que, apesar de boa e da excelente qualidade técnica dos músicos, não se enquadrava no espírito do festival.
E coube aos veteranos Sacred Sin a tarefa de repor a (des)ordem no festival. A banda lisboeta foi a grande responsável pelo esquecimento definitivo da chuva que, entretanto, acabara por abrandar um pouco. O death metal irrepreensível dos lisboetas soube a pouco, após uma prestação de apenas trinta minutos. O atraso no horário a isso obrigou. Só penso que os Talesien, por uma questão de sensatez, deviam ter, eles próprios, encurtado a prestação, deixando tempo livre aos Sacred Sin, para que as hostilidades em palco fossem ainda maiores. Grandes, como sempre, numa prestação bastante boa, quando comparada com outras a que assisti, em que o som não esteve tão bem conseguido.
A fechar a noite estiveram em palco os britânicos Cancer. Um thrash metal agressivo, capaz de provocar as maiores movimentações entre o público. Durante uma das melhores prestações underground a que já assisti, os músicos contaram com o apoio de um auditório que conhecia o seu material, e que vibrou ao som da sua experiência. Um concerto que, de tão brilhante, teve mesmo direito a encore.
Durante todo o festvial, nota vinte para o público que, apesar de encharcado até aos ossos, aguentou e reagiu muito bem a todos os bons momentos.
No final, já depois das quatro da manhã, houve que rumar aos carros, arrumar, desmontar o palco, e voltar a casa. Entretanto, tempo ainda para uma foto de família com os Cancer e os The Ransack, que já vinham juntos desde Madrid e Salamanca, tendo partilhado três palcos.
Às cinco da manhã, de volta à minha cama, o pesçoço imóvel, adormeci, com as energias muito bem encaminhadas. E é esse o espírito do metal que, com eventos como este, nunca há-de morrer.
Muito bom!
Pintelho
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