Um blog de todos nós. Afinal, pintelhos todos temos... Uns mais, outros menos...

sábado, setembro 04, 2004

O silêncio

A mais mortíferas das armas.
O silêncio não devia existir. Não quando há dúvidas, pensamentos, ideias, opções, escolhas, valores... O silêncio não devia ser uma opção, quando tudo aquilo que nos vai na mente precisa de ser exteriorizado.
O silêncio corrói. Sem ninguém com quem confrontar as ideias, confrontamo-las connosco próprios, interpretamos os pontos de vista à nossa própria imagem, não produzimos nada de útil. Se o objectivo da nossa ideia é positivo, então vivemos na ilusão de que a ideia é perfeita. Se, pelo contrário, é uma dúvida que queremos esclarecer, perdemos toda a lucidez, deprimimos, quais jovens adolescentes que ajuizam erradamente os sentimentos de alguém. O silêncio mata.
Através do silêncio só sabemos nada. Sabemos nada, pois nem ouvir conseguimos. Conseguimos criar mitos interiores, monstros, heróis... E os problemas continuam por resolver.
Depois... Bem, depois vêm as insónias, os calores, os frios, os choros, as ideias pessimistas. Ou então, se descobrimos a pólvora, vêm o egocentrismo, o excesso de auto-confiança, o egoísmo. E nós... Bem, nós continuamos os mesmos, com os nossos imutáveis defeitos.
Estúpida a condição humana de saber comunicar mais e melhor que qualquer outro ser e, no entanto, guardar tudo aquilo que deviamos comunicar, debater, esclarecer, para nós.
O silêncio incomoda. Incomoda tanto que o tique-taque de um relógio se pode tornar insuportável no meio do silêncio, no meio da noite, no meio da insónia. Contradição?! O silêncio incomoda, mas, quando é a única opção, é bem vindo.
Depois há ainda a covardia, aquela coisa estúpida que deixa qualquer pessoa sem coragem para comunicar aquilo que deseja. O silêncio instaura-se e, infelizmente, continua tudo na mesma, imutável, sem melhoras.
Quando será que vamos aprender a utilizar a maior arma, a que nos permitiu atingir o topo da escala animal, não só para evoluir tecnicamente, mas para melhorar a nossa qualidade de vida enquanto seres sociais?
O silêncio é duro. Nestas alturas, gostava de quebrar todos os nossos silêncios. Um grito, uma frase, um gesto, um simples olhar. Mas... O silêncio não! O silêncio assusta. Mata!

Pintelho

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