Moda feminina
Há certos aspectos (quase todos, confesso) da moda feminina que não compreendo, mas um dos que mais me intriga é aquele das mini-bolsas-de-mão onde cabe apertadinho, e usando de muito engenho e arte, um pensinho higiénico. Dizem as Pintelhas que as malas do penso são para ocasiões especiais, baptizadas pelas próprias de "chiques".
Mas, e para melhor compreenderem o objecto a que me refiro, vou-vos mostrar a coisa:
Agora a sério. Pinderiquices aparte, e gostos também, a existência da mala do penso cria um enorme problema à portadora que, antes de ir à ocasião "chique", tem que seleccionar muito bem qual o acessório essencial para colocar dentro da mini-coisa e qual o acessório acessória que fica em casa.
Claro que pelo meio ainda há a zona do cinzento em que nem é acessório essencial nem acessório acessório, e, claro, há sempre um bolso nas calças ou um espaço no soutien para o levar.
Então, temos uma mulher em frente aos seus mil e um frascos de mil e uma mixórdias para a pele, cabelo, olhos, mamas, dentes, lábios, língua, orelhas, unhas, pombinha..
Pronto.
Temos a mulher em frente aos acessórios, a seleccionar o seu rimel favoriro, o baton dos seus sonhos, o perfume e o verniz para a noite. Suponhamos que a dita senhora leva duas horas para seleccionar os acessórios essenciais. Obviamente que, como a ocasião é "chique", é necessário rever quais as mezinhas milagrosas (que na maioria das vezes não a favorecem grandemete, ou mesmo nada) que vão. Fazer uma selecção da selecção. Outra hora.
Depois, há que despir a roupa de casa, levar a bolsa do penso até ao guarda-vestidos e escolher qual a roupa que melhor condiz com o acessório principal. Mais umas três horas.
Entretanto, como a camisola já está um pouco apertada, há que passar mais uma hora ao espelho a pensar se mesmo assim a leva ou troca por outra.
Supondo que a leva, não perdendo mais tempo com selecções de roupa que acompanhe e favoreça a sua estrela da noite, a mulher arranja-se, levando mais duas horas. É então que vai dar uma vista de olhos ao seu calendário e repara que o dia "chique" é o dia em que a menstruação está prevista chegar. Despe as calças. Oh!, não. Já lá está. A primeira gotinha. E manchou mesmo as calças.
Troca de calças. Têm de condizer com a mini-coisa. E as cuecas também. Nunca se sabe se será esse o dia em que o Pintelho da sua vida lhe aparece à frente. Mais uma hora.
Coloca o penso.
Olha-se ao espelho. O tempo urge. Maquilha-se no carro. Não pode, vai ter que se maquilhar em casa antes de sair, pois na bolsa vai ter que fazer o hercúleo esforço de introduzir um penso.
Segue-se novo período de duas horas a escolher qual a maquilhagem que, independentemente de a favorecer ou não, lhe possa garantir que aguenta a erosão provocada pela viagem atribulada até ao local da festa.
Mais uma hora a seleccionar os produtos menos feios de entre a selecção, e três horas em maquilhagens, retoques, e retoques de retoques.
Pronta para sair, já visivelmente atrasada, esquece-se da chave do carro e só repara no pormenor quando lá chega. É que a chave não cabe na bolsa, e as mãos ainda têm o verniz a secar.
Sobe as escadas do prédio de treze andares, pois o elevador está fora de serviço (admito que este pormenor, bastante inverosímil, foi cá colocado para aumentar o efeito da mini-bolsa. Mas não é impossível). Meia hora para subir e descer.
Com as pressas, já no carro, esquece-se de virar onde é suposto, sendo que tem que retroceder. Não repara que vai em contra-mão. Mais quinze minutos. Culpa da mini-bolsa.
Chegada finalmente ao local da festa, repara que fez uma má planificação da tarefa, pois a ocasião "chique" já acabou. Olha o relógio. Seis da manhã. Começara os preparativos para a festa às treze horas e quinze minutos do dia anterior. "Devia ter começado a preparar-me mais cedo. Realmente deixei-me para a última hora. E já não vou poder mostrar a minha mais-que-tudo da minha bolsa ao pessoal. Que merda. Sou uma besta quadrada!" Não, senhora. A culpa é desse acessório. Gastou quase dezassete horas da sua vida a seleccioná-la para se adaptar à bolsa do penso. E porque não gastar meia hora numa loja para escolher uma bolsa que se adapte à sua extravagante vida nocturna?
Pintelhas...
Pintelho
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Mas, e para melhor compreenderem o objecto a que me refiro, vou-vos mostrar a coisa:
Agora a sério. Pinderiquices aparte, e gostos também, a existência da mala do penso cria um enorme problema à portadora que, antes de ir à ocasião "chique", tem que seleccionar muito bem qual o acessório essencial para colocar dentro da mini-coisa e qual o acessório acessória que fica em casa.
Claro que pelo meio ainda há a zona do cinzento em que nem é acessório essencial nem acessório acessório, e, claro, há sempre um bolso nas calças ou um espaço no soutien para o levar.
Então, temos uma mulher em frente aos seus mil e um frascos de mil e uma mixórdias para a pele, cabelo, olhos, mamas, dentes, lábios, língua, orelhas, unhas, pombinha..
Pronto.
Temos a mulher em frente aos acessórios, a seleccionar o seu rimel favoriro, o baton dos seus sonhos, o perfume e o verniz para a noite. Suponhamos que a dita senhora leva duas horas para seleccionar os acessórios essenciais. Obviamente que, como a ocasião é "chique", é necessário rever quais as mezinhas milagrosas (que na maioria das vezes não a favorecem grandemete, ou mesmo nada) que vão. Fazer uma selecção da selecção. Outra hora.
Depois, há que despir a roupa de casa, levar a bolsa do penso até ao guarda-vestidos e escolher qual a roupa que melhor condiz com o acessório principal. Mais umas três horas.
Entretanto, como a camisola já está um pouco apertada, há que passar mais uma hora ao espelho a pensar se mesmo assim a leva ou troca por outra.
Supondo que a leva, não perdendo mais tempo com selecções de roupa que acompanhe e favoreça a sua estrela da noite, a mulher arranja-se, levando mais duas horas. É então que vai dar uma vista de olhos ao seu calendário e repara que o dia "chique" é o dia em que a menstruação está prevista chegar. Despe as calças. Oh!, não. Já lá está. A primeira gotinha. E manchou mesmo as calças.
Troca de calças. Têm de condizer com a mini-coisa. E as cuecas também. Nunca se sabe se será esse o dia em que o Pintelho da sua vida lhe aparece à frente. Mais uma hora.
Coloca o penso.
Olha-se ao espelho. O tempo urge. Maquilha-se no carro. Não pode, vai ter que se maquilhar em casa antes de sair, pois na bolsa vai ter que fazer o hercúleo esforço de introduzir um penso.
Segue-se novo período de duas horas a escolher qual a maquilhagem que, independentemente de a favorecer ou não, lhe possa garantir que aguenta a erosão provocada pela viagem atribulada até ao local da festa.
Mais uma hora a seleccionar os produtos menos feios de entre a selecção, e três horas em maquilhagens, retoques, e retoques de retoques.
Pronta para sair, já visivelmente atrasada, esquece-se da chave do carro e só repara no pormenor quando lá chega. É que a chave não cabe na bolsa, e as mãos ainda têm o verniz a secar.
Sobe as escadas do prédio de treze andares, pois o elevador está fora de serviço (admito que este pormenor, bastante inverosímil, foi cá colocado para aumentar o efeito da mini-bolsa. Mas não é impossível). Meia hora para subir e descer.
Com as pressas, já no carro, esquece-se de virar onde é suposto, sendo que tem que retroceder. Não repara que vai em contra-mão. Mais quinze minutos. Culpa da mini-bolsa.
Chegada finalmente ao local da festa, repara que fez uma má planificação da tarefa, pois a ocasião "chique" já acabou. Olha o relógio. Seis da manhã. Começara os preparativos para a festa às treze horas e quinze minutos do dia anterior. "Devia ter começado a preparar-me mais cedo. Realmente deixei-me para a última hora. E já não vou poder mostrar a minha mais-que-tudo da minha bolsa ao pessoal. Que merda. Sou uma besta quadrada!" Não, senhora. A culpa é desse acessório. Gastou quase dezassete horas da sua vida a seleccioná-la para se adaptar à bolsa do penso. E porque não gastar meia hora numa loja para escolher uma bolsa que se adapte à sua extravagante vida nocturna?
Pintelhas...
Pintelho
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