Um blog de todos nós. Afinal, pintelhos todos temos... Uns mais, outros menos...

domingo, janeiro 09, 2005

Moda feminina

Há certos aspectos (quase todos, confesso) da moda feminina que não compreendo, mas um dos que mais me intriga é aquele das mini-bolsas-de-mão onde cabe apertadinho, e usando de muito engenho e arte, um pensinho higiénico. Dizem as Pintelhas que as malas do penso são para ocasiões especiais, baptizadas pelas próprias de "chiques".
Mas, e para melhor compreenderem o objecto a que me refiro, vou-vos mostrar a coisa:




Agora a sério. Pinderiquices aparte, e gostos também, a existência da mala do penso cria um enorme problema à portadora que, antes de ir à ocasião "chique", tem que seleccionar muito bem qual o acessório essencial para colocar dentro da mini-coisa e qual o acessório acessória que fica em casa.
Claro que pelo meio ainda há a zona do cinzento em que nem é acessório essencial nem acessório acessório, e, claro, há sempre um bolso nas calças ou um espaço no soutien para o levar.
Então, temos uma mulher em frente aos seus mil e um frascos de mil e uma mixórdias para a pele, cabelo, olhos, mamas, dentes, lábios, língua, orelhas, unhas, pombinha..
Pronto.
Temos a mulher em frente aos acessórios, a seleccionar o seu rimel favoriro, o baton dos seus sonhos, o perfume e o verniz para a noite. Suponhamos que a dita senhora leva duas horas para seleccionar os acessórios essenciais. Obviamente que, como a ocasião é "chique", é necessário rever quais as mezinhas milagrosas (que na maioria das vezes não a favorecem grandemete, ou mesmo nada) que vão. Fazer uma selecção da selecção. Outra hora.
Depois, há que despir a roupa de casa, levar a bolsa do penso até ao guarda-vestidos e escolher qual a roupa que melhor condiz com o acessório principal. Mais umas três horas.
Entretanto, como a camisola já está um pouco apertada, há que passar mais uma hora ao espelho a pensar se mesmo assim a leva ou troca por outra.
Supondo que a leva, não perdendo mais tempo com selecções de roupa que acompanhe e favoreça a sua estrela da noite, a mulher arranja-se, levando mais duas horas. É então que vai dar uma vista de olhos ao seu calendário e repara que o dia "chique" é o dia em que a menstruação está prevista chegar. Despe as calças. Oh!, não. Já lá está. A primeira gotinha. E manchou mesmo as calças.
Troca de calças. Têm de condizer com a mini-coisa. E as cuecas também. Nunca se sabe se será esse o dia em que o Pintelho da sua vida lhe aparece à frente. Mais uma hora.
Coloca o penso.
Olha-se ao espelho. O tempo urge. Maquilha-se no carro. Não pode, vai ter que se maquilhar em casa antes de sair, pois na bolsa vai ter que fazer o hercúleo esforço de introduzir um penso.
Segue-se novo período de duas horas a escolher qual a maquilhagem que, independentemente de a favorecer ou não, lhe possa garantir que aguenta a erosão provocada pela viagem atribulada até ao local da festa.
Mais uma hora a seleccionar os produtos menos feios de entre a selecção, e três horas em maquilhagens, retoques, e retoques de retoques.
Pronta para sair, já visivelmente atrasada, esquece-se da chave do carro e só repara no pormenor quando lá chega. É que a chave não cabe na bolsa, e as mãos ainda têm o verniz a secar.
Sobe as escadas do prédio de treze andares, pois o elevador está fora de serviço (admito que este pormenor, bastante inverosímil, foi cá colocado para aumentar o efeito da mini-bolsa. Mas não é impossível). Meia hora para subir e descer.
Com as pressas, já no carro, esquece-se de virar onde é suposto, sendo que tem que retroceder. Não repara que vai em contra-mão. Mais quinze minutos. Culpa da mini-bolsa.
Chegada finalmente ao local da festa, repara que fez uma má planificação da tarefa, pois a ocasião "chique" já acabou. Olha o relógio. Seis da manhã. Começara os preparativos para a festa às treze horas e quinze minutos do dia anterior. "Devia ter começado a preparar-me mais cedo. Realmente deixei-me para a última hora. E já não vou poder mostrar a minha mais-que-tudo da minha bolsa ao pessoal. Que merda. Sou uma besta quadrada!" Não, senhora. A culpa é desse acessório. Gastou quase dezassete horas da sua vida a seleccioná-la para se adaptar à bolsa do penso. E porque não gastar meia hora numa loja para escolher uma bolsa que se adapte à sua extravagante vida nocturna?

Pintelhas...


Pintelho

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