Um blog de todos nós. Afinal, pintelhos todos temos... Uns mais, outros menos...

domingo, outubro 31, 2004

Chop Suey de Gambas

Caríssimos amigos.
Cá estou eu, simples e pacato pêlo púbico, em vésperas de eleições norte-americanas, pouco depois de um pintelhudo árabe ter aparecido na televisão a ameaçar o mundo ocidental, e vivendo num país onde a política é um circo, para vos falar de uma odisseia por um restaurante chinês.
Sim, eu sei que corro seríssimos riscos ao abordar um tema tabú em detrimento de temas tão interessantes como o combate Bush vs. Kerry ou mesmo o cómico estado da Nação. Sei mesmo que, provavelmente, meio mundo vai cair-me em cima por todo este desplante, mas tinha que o fazer. É que, apesar de eu considerar este como sendo um blogue bem humorado, não posso candidatar-me a tirar o lugar aos grandes génios da comédia que por aí andam. É que temas assim são, por si só, geradores de comédia e !blogaudiência". Bem, mas vamos ao que interessa.

Foi na Sexta-feira.
No restaurante (com erre bem pequeno) Império do Dragão.
Foi por volta das vinte e três horas.
Foi com o estômago a gemer de revolta pelo tal de Chop Suey (pseudo-Chop Suey) de gambas, bastante mal cozinhado.
Foi, portanto, nestas condições, que, e após recordar-me da famosa Tese de Doutoramento em lojas do chinês (partes I e II), me lembrei de observar o restaurante, para, posteriormente, e pensando nos mais queridos leitores deste blogue (todos), vos relatar a maravilha do oriental mundo no ocidente.
Comecemos pelo propósito de um restaurante: a comida.
A quê? Não conheço... Sei que me serviram uma travessa com uns legumes muito mal condimentados e umas gambas só meio descascadas por cima... Mas creio que a louça (porcelana,perdão) da loja dos trezentos (que, com a desactualização do nome devida à entrada do Euro, se passou a apelidar de loja do chinês) cumpriu a sua função de criar o ambiente oriental. Pena que, e abstraindo-me da comida (o que não foi nada difícil, refira-se), quando olhei em volta pensasse estar nos EUA. É que toda aquela ornamentação plástica lembrava mesmo o extremo mau gosto dos Ianques.
Enfim. Como as bolinhas penduradas, os quadros impressos em massa e as cadeiras de plástico a imitar madeira já me começavam a revolver (ainda mais) o estômago, parti para a dimensão sonora da coisa. Asereje, Ozone, entre outros. E eu à espera das belíssimas pentatónicas orientais. Santa ingenuidade.
Foi bruscamente que a minha infeliz busca sensorial pelo oriente terminou. Foi com um "Deseja sopa na mesa?" que caí no mundo real. Sopa na mesa, claro... Mais uma iguaria oriental. Mas como raio posso eu beber sopa na mesa? Além de que é de uma extrema falta de higiene. Mas, como bom corajoso (e porco) que sou...
Sim, sim. Desejo.
Ai desejas. Toma lá morangoa. Um cardápio da Olá com gelados.
Sopa na mesa hein?
Assim, sim. A beleza do mundo oriental, como só os chineses sabem mostrar.
Mas há bons restaurantes chineses. Eu sei que há. Na China.

Pintelho

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terça-feira, outubro 26, 2004

I think that writing in english is a very interesting and amusing task

Ai Pintelha...

O que eu faço por ti...

Como diria um inglês: É só lobe... Só lobe...

Pintelho

P.s. I'm becoming bery british, so if one day this blog's name is changed to "Daily Pintelho", do not be afraid... It's just me... A polyglot, or, as you can also say, a bitongue (bilingue, n'é?)

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domingo, outubro 24, 2004

Bifurcação

Seguimos um caminho conjunto, durante um fértil ano, criativo.
Criámos, como por magia, obras de que nos orgulhámos. Tocámos.
Fomos incentivados a seguir o mesmo caminho, inovador.
Depois, tudo mudou... Um novo dado no projecto, um caminho que se altera pela força de um líder que entra após o árduo desbravar do caminho estar concluído.
Tentei remar contra a maré. Não consegui. Aparentemente, um líder sem legitimidade para tal tem mais poder que a união de esforços entre três mosqueteiros.
Por respeito ao poder do projecto que me orgulho de ter criado, abandonei o caminho, agora menos agradável, o caminho que já mais não coincidia com o meu.
Deixo para os dois restantes mosqueteiros e para o D. Sebastião do cavalo negro o trilhar deste caminho, que lhes parece o mais sensato. Apoio-os. A eles e à união que criaram e da qual fiquei arredado por não passear pelos Jardins, nem andar na mesma Canoa que eles. Pensei que fossem passeios secundários e paralelos à união. Afinal...
Resta um amargo sentir. Sinto que criei minutos e minutos de "arte" (leiam antes ruído) para deixar nas mãos de quem a vai detorpar e usar de uma forma que não a que eu queria. Não a que eu queria nos "meus" Melkor, agora Damnnation. Mas deixo-lhes a minha criação, para que os mosqueteiros trabalhem, com uma nova força sem mim, e outro mosqueteiro me substituirá. E o caminho que eles seguirem será trilhado com sucesso. Assim o espero.
Eu sigo o meu caminho na bifurcação. Vou procurando. Procurando alguém com vontade de o explorar comigo, alguém com espírito de união, companheiros de criatividade.
Tudo isto para dizer que na próxima LOUD! (passo a publicidade) sairá algo como:

Guitarrista procura membros para formar banda de thrash/progressive metal, na zona de Braga. Projecto sério.

É a criação grupal. Nascer, viver, morrer...

Pintelho

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sexta-feira, outubro 22, 2004

Inspira... Expira

Com tanto trabalho, trabalho, trabalho, preciso de colocar uma lista de post-its com as actividades das quais não me posso esquecer. Mas como o trabalho, trabalho, trabalho, não me permite perder tempo com compras de post-its, deixo aqui a lista, pois este é um local mundialmente acessível.

A não esquecer

Inspirar.
Expirar. Esta actividade é executada cíclica e ritmicamente, alternada com a actividade acima.
Dormir.
Tratar da higiene pessoal.
Guardar o máximo de tempo possível para a Pintelha, mesmo que esse máximo seja de apenas alguns segundos.
Guardar algum tempo para a família.
Guardar tempo para os amigos, amigas, colegas.
Guardar tempo para a Universe e a aprendizagem do "Flight of the Bumblebee".
Guardar tempo para refeições.
Guardar tempo para transportes.
Guardar tempo para ouvir música.
Guardar tempo...
Lembrar de, na próxima vez, encontrar o tempo para guardar.


Preciso de tempo! TEMPO!

Pintelho

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sábado, outubro 16, 2004

Amor

In and Above Men, From Lowering Skies, Alma Mater, Vampiria.
Foram estas quatro músicas que iniciaram o concerto dos reis do metal nacional, os senhores dos lobos, ontém à noite (era já hoje de madrugada), no Pavilhão Multiusos de Guimarães, no âmbito de uma Recepção ao Caloiro que, de caloiros, teve muito poucos, substituidos maioritariamente por um público mais velho, vestido de negro, com sede do feitiço da lua.

Foi por volta da meia-noite que, no palco secundário, entraram os Stowaways, uma banda alternativa que, ao fim da primeira música, já tinha perdido todo o crédito que eu lhes dera baseado no argumento "Se abrem para os reis, serão bons!". Mentira. Não só a sonoridade era completamente diferente da do grupo de Fernando Ribeiro, como era, também, bastante aborrecida.
Um vocalista que prefere vocalizações sem letra, do tipo "lalala", um guitarrista francamente de baixa qualidade, um baixista quase ausente, e um baterista e teclista que, sendo bons músicos, compôe má música. Aproveitei este primeiro concerto para conviver com amigos que encontrei ou reencontrei por lá. Boas amizades, outras menos boas, mas tudo boa gente.

Foi já depois da uma e quinze da manhã que os Moonspell subiram ao seu palco.
Primeiro os instrumentistas e, para que todo ele fosse realmente O concerto, apenas depois entraram os dois metros de Fernando Ribeiro.
Com os primeiros acordes de In and Above Men, os Moonspell agarraram toda a audiência, e foi ao som dos mesmos acordes que eu a agarrei a Ela. Ela a mim. Por pouco romântico que possa parecer. E comunicámos, daquela nossa maneira especial. Lábios com lábios, falando a linguagem que só nós compreendemos. Aquela do Amor.
E foi assim que passámos as duas primeiras músicas da noite. Mais confortáveis que todos os outros, mais felizes que todos os outros. Eu estava, simultaneamente, frente à minha banda portuguesa favorita (banda favorita a nível mundial de muito boa gente) e nos braços da minha Pintelha. Que fazia eu ali, num concerto onde todos vestiam de negro, feliz, com um sorriso nos lábios? Maluco...
Alma Mater e Vampiria desfizeram o nó, pelo menos em termos práticos. Restou um abraço pelas costas, e duas cabeças a abanar. Uma mais veementemente, outra com mais vergonha, por ser o primeiro headbanging da sua vida.
Alma Mater e Vampiria tocam dentro de nós, por mais esforços que possamos desenvolver para ficar indiferentes.
Alma Mater e Vampiria são hinos. Hinos capazes de levar todos os presentes à loucura.
Alma Mater e Vampiria, para serem bem descritas, numa noite como a de ontém, deviam provavelmente levar com o adjectivo de arrepiantes, mas no sentido mais arrepiante do adjectivo.
Depois, pensando eu que ia ter um tempo de descanso para poder continuar a amar e ser amado, refiz o nó. Beijei-a. Beijou-me, perdendo a vergonha de todos os metaleiros que nos rodeavam.
Magia de pouca dura. De facto, a banda dos mestres portugueses interpretou, quase sem espaço para respirar, Everything Invaded, Nocturna, Mephisto, Full Moons Madness... Uf! Um destilar de sucessos que tornou o concerto ainda mais quente e fantástico. Destaco, nesta sequência, Wolfshade (a Werewolf Masquerade), interpretada com mestria, que foi um dos melhores momentos da quente noite vimaranense.
É numa altura em que o chão já está completamente pegajoso, de tanta cerveja entornada, que os Moonspell saem de palco. Logo são brindados com apelos a Opium, que abre o encore, precedida da introdução do álbum Irreligious. O excerto do Opiário (Álvaro de Campos) que encerra a música, recitado em coro por quase todas as vozes presentes, foi também um dos momentos mais mágicos da noite.
É claro que, como em todos os concertos académicos que se prezem, não há horas, e a banda vai ficando em palco, a tocar e a tocar mais temas. E mais, e mais...
A noite encerra, já pelas três da manhã, com Devilred, a que assisti metade dentro, metade fora do Pavilhão, pois o autocarro partiria, supostamente, às 3, para Braga.

Chegado ao autocarro, findo um excelente concerto de uma excelente banda, amei-te. Amei-te platónicamente. E tu a mim. Vi-o nos teus olhos. Éramos felizes (ainda o somos, tenho a certeza).
Depois do espaço que reservámos a Platão, unimos as mãos, as pernas, os lábios. O autocarro partiu já perto das quatro, hora a que finalmente lotou. Mas os lábios não mais descolaram. Amor, amor, amor... A lua estava encoberta, mas o feitiço lançado naquele Pavilhão tinha restado em nós. Palavras quentes, embrulhadas por amor, eram trocadas, directamente da boca de um para os ouvidos do outro. Os olhos brilhantes, os abraços como nunca me tinhas dado, as palavras repetidas incansavelmente, os movimentos rituais do beijo, repetidos sem exaustão. Chegámos. Separámo-nos.
Ficou uma noite inesquecível em nós. E nos Moonspell. Eu sei que já tocaram para audiências cinquenta vezes maiores, mas aposto que nunca tiveram num público tão heterogéneo (nem todos eram metaleiros, pois muitos estavam lá pela cerveja) um público tão fiel. Grande concerto.
Grande, mas enorme, gigante mesmo, noite!

Pintelho

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sexta-feira, outubro 15, 2004

Toda a verdade - O numerus clausus dos Psis

Aqui vai Psicologia
É orgasmo, é orgia
É a malta mais potente

É a malta do caralho
A que tem maior vergalho
E a que fode toda a gente"


Não é, caros leitores, que a música seja das mais pedagógicas que se cantam durante a praxe, mas que é reveladora de um grande segredo, é. Não me refiro, contudo, à potência dos Psis, pois essa é conhecida em todo o lado, aliás, "Onde quer que vamos".
Senhoras e senhores, atentem, pois estou prestes a apresentar uma teoria que vai chocar toda a comunidade do Ensino Superior, bem como todos os outros interessados na matéria.
De facto, os homens (poucos, necessariamente) que acedem a Psicologia no Minho são dotados dos maiores vergalhos passíveis de serem imaginados.
A investigação que se segue centra-se na verdadeira dimensão do numerus clausus de Psicologia na UM.

Após analisar profundamente a cantiga, fiquei intrigado com tamanho vergalho (cujo comprimento supus ser a soma dos comprimentos de todos os falos do primeiro ano, dividida pelo número de caloiros),quando ouvi a música pela primeira vez, e, consultando a lista de colocados na primeira fase do concurso nacional de acesso, constatei que 81% das vagas tinham ficado preenchidas por mulheres, restando apenas 19%, nem um mísero quinto, das vagas para os rapazes.
Foi então que resolvi aprofundar investigações e, recorrendo à base de dados do concurso, deparei-me com um pré-requisito específico do curso de Psicologia na Universidade do Minho, denominado (tal qual estava nos papéis) "comprimento peniano".
Foi então que tudo fez mais sentido na minha cabeça. Era claro que, com uma população masculina de apenas 19%, para a malta de Psi ter "maior vergalho" em termos médios, seria necessário que o dito órgão dos rapazes valesse por cinco órgãos masculinos médios, para fazer frente a cursos maioritariamente masculinos.
Necessariamente, para garantir que tal fosse verdade, surgiu o dito pré-requisito, com um valor de 90% da nota final com que o aluno se apresenta a concurso, restando os 10% para a nota final do Ensino Secundário, 10% quase simbólicos, para que o concurso não fosse alvo de críticas por parte dos desafortunados alunos pouco piludos mas aplicados, que, mesmo vendo o acesso negado, não podiam afirmar que o esforço não foi levado em conta.
Mas, divagações aparte, concluí então pelo significado da música. Ao que consta, o rapaz com o mais pequeno pénis de Psicologia viu o seu órgão medido em cinquenta e dois centímetros, o que levanta outros problemas, como o do transporte de tal fenómeno. Contudo, a malta do maior vergalho do país lá vai conseguindo, e a mulherada lá do curso não se queixa, pois costumam, geralmente, e em dias de melhor disposição, fazer dos nossos falos bancos de baloiço...
Cara leitora, eis a prova provada que a pila de Psi é a melhor pila para si.

Muito obrigado. Estou contactável por e-mail para defender a minha tese.


Os direitos autorais da tese pertencem aos seus autores.

Pintelho

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quarta-feira, outubro 13, 2004

ZUM ZUM ZUM BUM CATRAPUM PUM!

Mas que lata...

Lata, bidon, carrinho das compras, tacho, panela, betoneira, folha de metal, pratos shock de bateria, apitos, pitos sem a, tudo... Que fabulástico desfile. A cidade de Guimarães agradece. A cidade, os varredores do lixo, que se vão sentir úteis (que o são, no quotidiano, mas hoje em especial), os putos do colégio que ouviram o "Atirei o pau ao gato" e bateram palminhas aos meninos da t-shirt laranja. A estátua do D. Afonso Henriques que ouviu trinta vezes o hino nacional (ou mais, sei lá quantos cursos tem a Universidade), os caloiros mais rechonchudos, que hoje perderam uns quantos quilos, as empresas fabricantes de produtos para os calos (que hoje apareceram nas mãos dos tocadores de latas e nos pés de todos os que desfilaram, e foram uns milhares...), os morcegos (que hoje se podem orgulhar dos primeiranistas mais ruidosos do país), os habitantes do "berço da nação", que viram a cidade inundada de fazedores de ruído e de lixo... Toda a gente agradece, e a latada para o ano regressa. Lindo, lindo! Brilhante. Artístico, no mínimo! É a melhor Academia do País no seu melhor (o que já dá dois melhores juntos... É fazer as contas)!
Agora, queridíssimos leitores, leitoras, curiosos, simples apreciadores da estética agradável deste blogue, retiro-me deste meu púbico canto, porque a zoeira que vai nos meus ouvidos tem que passar até amanhã. É que amanhã surgem os outros problemas. O cansaço muscular, as bolhas nas mãos que rebentam, etc.
Vou para dentro das cuecas!

Pintelho

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sexta-feira, outubro 08, 2004

Ai, que emoção...

Eu, Cati, freira desta mui nobre academia, te baptizo a ti, caloiro, de Pontinho Bombikaze, em nome do sagrado tricórnio.

Não, isto não é uma crise de identidade.

Sou apenas um afilhado babado (fui também, ontém à noite, um afilhado completamente encharcado), muito orgulhoso de já ter nome e de ter a madrinha mais simpática de Psicologia.
Foi uma noite memorável.
A subida do monte do Bom Jesus, o parto que a minha mulher teve a meio do caminho, a minha filha que já nasceu com mais de um metro e meio, a saber falar e tudo, o carro por que passamos, com o casal todo divertido e os vidros completamente embaciados, os escadórios completamente escuros, sem uma única luz... Ou melhor, com sessenta luzes de velas laranja em fila indiana... Os morcegos de fita laranja. A minha simpática madrinha, a água a escorrer pelo meu cabelo abaixo. O ambiente fantástico, digno de um filme de fantasia (qual Harry Potter) que se respirava na gruta, o único local do monte iluminado, a cumplicidade... Porra. Nunca vou esquecer. Eu prometo, para quando tiver, as fotos de uma das noites mais bonitas da minha vida. Vivam os nossos "doutores" que nos fazem sentir realmente especiais, e não simples bestas ou anormais. Viva Psicologia na Universidade do Minho. Viva o Pintelho euzinho, Pontinho Bombikaze, que ainda não acordou do surrealismo que experimentou ontém.
Obrigado Comissão de Praxe, por fazerem da praxe algo digno e respeitável, ao contrário do que se passa em (quase) todo o lado!

Pintelho

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quinta-feira, outubro 07, 2004

Estou nervoso

Pois estou.
É que logo à noite vou ser baptizado. Eu, ateu convicto e praticante, baptizado.
Renunciar aos meus valores... Eu... Ai de mim...
É esse o problema da Academia da cidade dos arcebispos. É que tudo gira em torno da Igreja Católica.
Acontece.

"Eu, Pontinho Bombikaze, do sopé da minha bestial condição de caloiro, gostaria de pedir à Excelentíssima, digníssima e mui nobre Doutora Cati, que se destaca aos meus olhos pela arte e mestria com que toca a guitarra, bem como pela simpatia e benevolência para com as minhas atrocidades de caloiro, que aceite o profundo incómodo de me apadrinhar e apoiar nas aventuras e desventuras deste meu precurso pela labiríntica vida da grandiosa academia minhota."

Está chochinho, mas isto de ter de me converter a uma religião... Ai, ai, mas tem que se lhe diga... E depois há aquela coisa de levar uma vela laranja... Lembra-me sempre uma besta não-caloiro de iniciais PSL. Não compreendo porquê! Bãh!

Pintelho

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segunda-feira, outubro 04, 2004

Fazem de nós burros?

Hoje à tarde passei por uma situação no mínimor desconfortável.
Eu clarifico-vos as ideias, como, aliás, os donos do pobre animal que vos vou apresentar deviam querer fazer com as mentes mais iluminadas como a do Pintelho (aqui, introduzam um reflexo de tosse, por favor).

Foi num centro comercial, numa loja de animais, que vi, colado num aquário, um anúncio, com a foto de uma cachorrinha, em que se podiam ler frases como "Estou perdida" ou "Se me encontrarem, contactem os meus donos".
Francamente, quem terá sido o pouco iluminado génio da lâmpada que redigiu tal anúncio? Trata-se de tratar a humanidade abaixo de cão. Será que os donos da pobre cadela, que não tem culpa de estar perdida, pensam que os outros Homo sapiens são irracionais?! Então será que eles pensam que nós vamos mesmo acreditar que a cadela redigiu o texto pela própria pata? Enganam-se redondamente. É característica da espécie humana a racionalidade. Sejámos racionais. Pensemos. Um cão não sabe escrever, nem formar frases, pelo menos em linguagem simbólica humana.
Sinceramente... "Estou perdida"? Seria mais sensato "Perdemos a nossa cadela", não?

Acontece que eu estava profundamente enganado.
Passados cinco minutos, num café logo ao lado, dei de caras com a canídea. Jornal estendido em cima da mesa, a segurar num cigarro com uma pata, a falar ao telemóvel com outra. Captei um excerto de uma citação em que, mais ou menos, ela disse "... eu bem pus o anúncio, mas os donos não querem saber de mim... Sinto-me triste. Sinto saudades deles, apesar de agora não ter de andar a fazer figuras de cão, a ladrar, a correr atrás de bolas para as entregar e os estúpidos voltarem a atirar, fazendo de mim anormal... ...Também não tenho mais de roer ossos que acabam por ficar completamente babados!"
Digam-me, queridos leitores. Será que os donos da cadela iam gostar de a ver como eu a vi? Então porque precipitam as coisas?
Fiquei perplexo.
Moral da estória: Não vejam filmes de ficção científica a mais.

Pintelho

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domingo, outubro 03, 2004

Mudanças

Passei a manhã num paraíso, mesmo aqui perto, a uns escassos cinco (serão tantos?) quilómetros de Braga. Disse-me alguém ligado à música que, uma vez que vou ensaiar nesse pequeno paraíso, não me posso mais queixar de falta de inspiração. Não concordo. Não entendem, seres não apreciadores de metal, que a inspiração de quem compõe tal estilo musical vem de dentro, do mais profundo dos nossos recantos? Quem compõe metal compõe por catarse, para se libertar de todas as emoções e sentimentos negativos, transpostos para o instrumento ou para as letras. Será que uma verde e luxuriante paisagem minhota serve de musa para quem faz do metal o seu género de eleição? Não. Curta e objectivamente: não. Mas o certo é que, aquando de um intervalo numa tarde de intensa barulheira, sabe bem olhar pela janela e encontrar os montes, a relva, a piscina mesmo por baixo dos olhos...
Toquemos metal.

O problema da paisagem é que, ao deixar-nos contemplá-la, puxa-nos para uma viagem.
Estou ao pinhal.
Levo-te pela mão. Levas o teu vestido negro sobre os teus ombros macios. Os chinelos nos pés fazem-te levitar. Ou quase.
O teu cabelo comprido ondula ao sabor da brisa que nos acolhe. Andamos. As tuas unhas, pintadas de escuro, contrastam com a cor que o coração sugere. Cor-de-rosa, azul, branco, vermelho... Uma cor viva. Ou será preferível uma cor amena, mais romântica, como o verde da paisagem ou o castanho da terra? Que interessa a cor, quando estou frente a frente com o mais belo dos sorrisos, que me inunda o corpo de uma quente sensação de conforto? Beijo-te. Beijas-me. Pegas nas minhas mãos, que fazes deslizar pelo teu corpo abaixo. Páras na anca, que sabes ser esbelta, felina. Conduzes-me pelos teus caminhos, conduzes os meus caminhos. Caímos no chão, despido de subtilezas, coberto de folhas secas que estalam, crepitam, como o fogo que arde já dentro de nós.
Atiras a minha camisola para a terra. Não é mais necessária. Que se lixe o Bart Simpson, dizes tu, sem reparar que está nú e vai provavelmente ficar imensamente sujo e desconfortável. Com os teus olhos de predadora aproximas-te, cobres-me com a tua sombra, primeiro, com o teu corpo, depois. Tocamo-nos com amor. Mais uma vez conduzes-me. Fazes-me acariciar-te, tarefa que cumpro com o maior dos prazeres, enquanto me sinto roubado. Roubas-me à razão. Qual razão? A minha razão é o amor. E a tua? Despimo-nos. Toco-te. Tocas-me. Roubas-me outra vez. Roubas-me um beijo quente, apaixonado, fervilhante, como quem pede mais. E eu quero mais. Queremos mais...

Ouço um acorde composto por um Si com respectivas quinta perfeita e oitava. O mais grave que a guitarra pode debitar. Distorcido. Acordo.
Merda. Agora fiquei com raiva. Quem me fez isto? Acordar-me a meio de um passeio tão prometedor não é de gente... Agora sim, sinto-me capaz de compor um tema cheio de sentimento. Grande cabrão do gajo que pegou na guitarra... Vamos tocar.

Pintelho

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sábado, outubro 02, 2004

A receita para o sucesso nos Exames Nacionais do Ensino Secundário

Um ordenado mínimo por mês.
Um colégio luso-francês.
Professoras de véu na cabeça e corpo bem tapado, para que a concentração dos alunos se mantenha no branco do giz sobre o verde do quadro.

E, puf! Fez-se um belo exame!

E o ensino público, como vai?
Na merda, como bom espelho do país do Santana.

Pintelho

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