Um blog de todos nós. Afinal, pintelhos todos temos... Uns mais, outros menos...

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Paneleiro, pá!!

Hoje, como prometi ao meu self, fui renovar o Bilhete de Identidade de cidadão português, aquele papelucho milagroso que me confere uma meia dúzia de direitos e um meio milhão de deveres. O tal do papel simpático.
Claro que, como se já não bastasse o raio dos deveres inerentes à cidadania portuguesa (que custam a cumprir, não raras vezes), o dia tinha que ser realmente mau. Mau, mesmo. Mau. Péssimo.
Eu explico, Pintelhas e Pintelhos. Eu explico.
Para renovar o documento, dirigi-me, ao final da tarde, ao mágico local que dá pelo nome de Loja do Cidadão. O tal local onde se pode fazer de tudo. Até se podem consumar actos sexuais, naquelas futuristas casas-de-banho. Ou não.
Entrando no edifício onde funciona a dita Instituição, deparei-me com uma montra em cujos vidros estavam coladas fotos de mulheres, supostamente perfeitas, mas com um ar tão plástico que nem davam vontade de comer. Não, Pintelha. Não vás Nunca à Corporación Dermoestetica. Não te quero como brinquedo de crianças. Prefiro-te para mim. Sim. Sou ciumento. Pois sou. E daí?
Em frente. Passado o mau presságio das mulheres de plástico, dirigi-me à porta onde funciona a loja. Na recepção, encontrei um segurança carrancudo que olhava para baixo. As boas maneiras ficaram em casa a tomar banho.Certamente.
Dirigi-me, então, ao local de renovação do B.I.
Chegado lá, tirei a Senha C, pois era a que dava acesso, segundo a maquineta, à "Renovação de Bilhete de Identidade".
Sem ninguém que me demorasse, fui prontamente atendido.

Olhei-o de alto a baixo.
Aparentava uns quarenta anos.
Cabelo encharcado em gel, espetado para trás, como se tivesse sido atingido por ventos ciclónicos, mesmo nas trombas. Aparelho nos dentes. Colete vermelho, cobrindo uma camisa às riscas azuis.
Calças de ganga justas. Um metro e oitenta. Magro. Esquelético.
Agora é que não pode piorar. Fui apanhado. Caralho de dia. Pensei.

- Olá boa tarde! - disse ele, com um sorriso nada enganador nos lábios ("Oh!, Pintelho... Já te comia!").
E fez tudo para que isso se tornasse realidade.
- Sabes... (Sabes?! Que puta de confiança é esta?!) Preciso de duas fotografias tuas...
Fotografias? Eu vim renovar um documento de cidadão. Não vim, certamente, inscrever-me num programa de procura de noivos. Francamente. O que tu queres sei eu...
Mas, e como sou bem educado, lá cedi. Cedi e entreguei as fotos ao homem.
- Ah!, e tal... Agora tens que tirar uma ficha A e comprar os impressos. É que sem os impressos nada feito...
A típica burocracia à portuguesa. Por que carga de água não podia ele próprio levantar o cú e ir buscar a merda dos impressos?! Mas eu compreendi. É que enquanto eu ia comprar os papeluchos (que me custaram os olhos da cara), ele poder-se-ia auto-estimular a olhar para a minha fotografia... O que tu queres, sei-o eu bem, como já disse. Mas não tens sorte.
Voltei.
Preenchida a papelada, e já a desesperar de tanta paneleirice junta, pensei terminar-se o pesadelo.
Não. Ainda havia muito que sofrer. O homem era persistente.
- Pois. Agora vamos-te medir. Vá! Sobe à plataforma que eu já te vou ajudar!
Ora... Claro... Pensei logo no pior. O gajo quer que eu me eleve na plataforma para não ter que se baixar, mas o meu queridissimo pilau não entra em boca masculina. Nem pensar. Nada disso.
Lá obriguei o homem a contentar-se apenas com medir os meus esbeltos e preciosos cento e oitenta e três centímetros e voltar para o gabinete que ocupava.
Mas nem aí ele desistiu.
Pegou-me no dedo, umtou-o com uma mistela negra (que será um qualquer afrodisíaco relacionado com o intestino grosso, para os homossexuais do sexo masculino, digo eu), segurou-me firmemente a mão (e nesta altura entrei verdadeiramente em pânico) e prensou a minha impressão digital num papel.
Não contente com a apaneleirada brincadeira, repetiu-a num cartão de cor apaneleiradamente rota, cartão esse que será o meu futuro documento identificativo. Tenho medo.
Terminada a exposição pública da orientação sexual do homem (pensava eu), largou-me a mão. Para quê? Para me oferecer uma toalhita Dodot para me limpar.
Nessa altura, perdi a minha sanidade mental. Quem é o homem que se limpa a uma toalhita Dodot?! O gajo pensa que me andei a untar com quê? Vaselina, não? Eu não sou como tu, pá...
Saquei de um lenço de papel do bolso de uma senhora transeunte (homem que é homem não usa lenço), de uma garrafa de bagaço (à falta de álcool etílico) e lá me limpei. Mas à homem.
Envergonhado com a cena, pensei poder voltar para casa.
Não.
- Olha, e tal...Preciso do teu contacto telefónico para alguma emergência.
Foi aqui a gota. Aquela que faz transbordar o copo, mesmo quando o copo tem uma capacidade elevada. Não lho dei. Nunca.
Nunca.
- Pronto. Estás no teu direito. Mas olha... Leva este bilhete. Tens aí o meu contacto, 'tá? E Quinta-feira espero voltar a ver-te para vires levantar o cartão.
Como? Como? O homem está é maluco.
A partir de hoje, Pintelhas e Pintelhos, sou efectivamente ilegal. Não irei, claro, levantar o cartão. Por uma questão de princípio. Não é num local de trabalho que se assedia ninguém. E mesmo que fosse, ele devia ter percebido que eu não estou minimamente interessado em experiências homossexuais.
A partir de hoje, e até ao último dia da minha vida, não tenho mais Bilhete de Identidade.

Pintelho

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domingo, fevereiro 27, 2005

Depois de amanhã

Passarei a ser ilegal.
Ou ilegal já o sou, sei lá. Quem olhar o meu Bilheite de Identidade não me reconhece na fotografia, de certo.
Amanhã, como Pintelho português que sou, vou legalizar a situação. Vou renová-lo. Na última hora, claro.
Até logo.
Aproveitem o sol de Domingo.

Pintelho

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Como agradar ao Pintelho ou como fazerum bom sumode tangerina para a sobremesa

Para começar, peguem em duas tangerinas grandes cultivadas biologicamente e em oito tangerinas pequenas cultivadas na quinta da família.
Cortem-nas em metades e disponham-nas sobre a tábua, para abrir a sede pelo sumo. Os olhos também comem, ou bebem.



Continuem espremendo as tangerinas, tendo o cuidado de aproveitar o sumo gota a gota. Nunca se sabe onde se esconde a gota mais saborosa da pequena tangerina.



Retirem o filtro do espremedor. Se a cor do sumo não for laranja, desconfiem da tangerineira de casa, ou então bebam menos álcool à refeição. Estais bêbados, de certo.



Bom aspecto? Vertam para o copo e dêem ao Pintelho a beber.



Muito obrigado!

Pintelho

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sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Guardanapos

Foi hoje à tarde.
Ao lanche, mais concretamente.
Num café cá da minha terrinha.
Numa mesa à beira da montra, na perfeita companhia da Pintelha.
E este não é um post romântico.
Lanchei.
Uma torrada e um leite com chocolate.
E foi então que os vi. Quando mais necessitei deles.
Os guardanapos de papel. Enfiados naqueles paralelipípedos com publicidade a refrigerantes, publicidade que só mesmo quem não tem mais nada que fazer consegue ler. É o meu caso.
Vi, portanto, os guardanapos.
Esses mesmo.
Peguei num, após ter acabado de lanchar. Para limpar os lábios. Afinal de contas, o dia ainda era uma criança. E havia muitas outras funções que os lábios ainda teriam de cumprir. Sempre terão.
Peguei no guardanapo e vi a perfeita da estupidez. Podia-se ler, escrito na superfície celulósica da coisa: "Bom apetite".
Ora... É impressão minha, ou os guardanapos são para limpar a boca, e a boca só se limpa após se sujar o que, consequentemente, significa após comer? Bom apetite, após comer?
Das duas, uma. Ou os fabricantes dos fabulosos guardanapos são aneuronados e, consequentemente, seres não-pensantes, ou então adivinharam o meu programa para o resto da tarde e noite.
Para o primeiro caso, respondo: Não há emenda. Retirem a porcaria da frase dos guardanapos.
Para o segundo caso, gostaria de saber como conseguem eles prever o programa planeado pelos clientes. E a frase? Altera-se de acordo com o programa de quem pega no guardanapo? Qual a magia?

Ele há coisas...

Pintelho

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quinta-feira, fevereiro 24, 2005

E depois não querem que eles sejam assim

Eles. Os nossos descendentes.
Nossos, não. Vossos, porque eu ainda não procriei.

Este post volta a versar sobre chupa-chupas. Sobre um modelo de chupa-chupa em particular. Da marca Chupa Chups. O modelo dá pelo nome de Cuore di Frutta.
Começando pela marca. Chupa Chups.
Todos sabemos que o verbo chupar possui, na sociedade ocidental, uma fortíssima conotação sexual. Senão, ao vulgar "chupar" do pilau, chamar-lhe-iamos, por exemplo, emborcar, abocanhar. Sei lá. O verbo chupar adquiriu a conotação sexual presente porque o acto de chupar um chupa-chupa (que deve o seu nome à marca visada), que, todos sabemos, é um excelente afrodisíaco, é sempre evocado quando observamos uma cena de sexo oral. Assim ficou "chupar" e não "emborcar".
Depois há todo o marketing utilizado pela marca para promover este produto. Entre todo o marketing utilizado, concentro-me na embalagem. Atentem.
Olhando para a embalagem, salta à vista uma imagem da dita guloseima que, como já mencionei vezes sem conta, é uma mera representação de um apetitoso falo (aí está o apelo ao sexo oral praticado a homens).
Por aqui, começamos imediatamente a notar que este não é o caminho. A educação que desejamos dar aos nossos descendentes não passa pelo acesso à sexualidade gratuita. Não. Veículos de pornografia, sim. Mas a pagar. E a educação sexual, essa, dada pelo pároco da igraja mais próxima, que é um ser que entende realmente o fenómeno.
Mas isto não é tudo.
Se, em tempos, para aludir a uma "chupadela" bem feita, foi lançado no mercado um refrigerante de tomate, este produto ousa mesmo ensinar os Doutores de amanhã a arte de bem chupar.
Mantendo os olhos na parte frontal da embalagem, lemos expressões soltas: "Com polpa de fruta" e "Chupar + Morder". Assim, se por um lado o chupa-chupa ensina (aos homens homossexuais e mulheres heterossexuais) a arte de bem praticar sexo oral, por outro lado deseduca toda e qualquer criança que esteja a percorrer o árduo trilho da verdadeira essência da educação sexual. E é aí que eu coloco o meu pé atrás. Aí coloco as minhas ressalvas. Como é? Afinal estão aqui para ensinar como praticar sexo oral (continuo a achar que isso é tarefa dos peritos - os padres) ou para ensinar a melhor maneira de assassinar provocando dor? Morder?
Mas isto não pára por aqui. É que, voltando a embalagem, lemos facilmente, e em letras gorduchas, "O prazer de Chupar e Morder Fruta".
Eu gostaria de acreditar que a intenção da marca com esta afirmação fosse ensinar uma bela prática sado-masoquista, mas a partir do momento em que não é claramente identificada a intensidade e forma da mordidela, coloco-me completa e radicalmente contra o produto. É perigoso. Assassino, diria até. Qua haja na Internet informação gratuita acerca de como fabricar bombas, ainda vá que não vá, mas que se apele directamente à mordidela na fruta, é um crime. E eu não ando aqui para que brinquem com coisas sérias! Creio até, ouso dizê-lo, que, se este produto não for celeremente retirado do mercado, o futuro da humanidade pode estar comprometido. Sem homens com capacidade reprodutora, a espécie não proliferará.

Para terminar este indignado post, lanço uma questão de debate.
Que futuro? Qu fututo para uma sociedade em que o assassínio sexual brutal que atenta à dignidade humana e viola os mais básicos direitos da Humanidade é gratuitamente pregado e ensinado até nas embalagens de guloseimas?
Que futuro?

Pintelho

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quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Post

Quando o cansaço e o sono se apoderam de um Pêlo Púbico:





































Pintelho

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terça-feira, fevereiro 22, 2005

Chuva

Após meses de seca, está a chover torrencialmente sobre as telhas do meu abrigo.
Pergunto-me:
- Se a chuva torna os dias feios, mas é essencial à vida, então qual o significado destas gotas que aterram em minha casa com um ruido ensurdecedor? Que pressagiam elas?

Pintelho

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segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Ainda as eleições

Nos últimos dias via-se pela rua fora cartazes de campanha do PS estrategicamente colados por cima de cartazes de outros partidos de Esquerda.
Hoje, tenho medo.
Apesar dos excelentes resultados da verdadeira Esquerda, aquela com que não consigo identificar o PS, este conseguiu uma maioria absoluta histórica.
Tenho medo. O que fará no Parlamento, sob estas condições, um partido que, em plena campanha, ousou silenciar com os seus os cartazes de outros?
Tenho medo. Por isto e por muito mais.
Mas não é suposto este blogue versar política. Por aqui me fico, contente com os mais de 20 Mandatos que a verdadeira Esquerda alcançou.

Pintelho

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domingo, fevereiro 20, 2005

Antes de ir votar

passei pela Escola Secundária Carlos Amarante, onde decorrem as votações da freguesia de S. Vitor, em Braga.
Curioso foi ver uma fila de cerca de trezentos metros de automóveis em peregrinação para a dita escola.
Automaticamente me lembrei de uma mesa de voto do estilo Drive In. Não seria essa a melhor medida de combate à abstenção?? Comodistas.

Pintelho

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Ao fim do almoço

Vou votar


E vocês?

Pintelho

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sábado, fevereiro 19, 2005

Identidades

Ontém vi o meu contacto adicionado no Messenger de uma Pintelha de nome Ju.
Eis a melhor maneira de começar um post. Agora que tenho a vossa atenção e fidelidade, posso continuar.
Obviamente, não sabia quem era a dita Ju, pelo que, e como não se encontrava ligada à rede, decidi enviar-lhe um mail, perguntando quem era ela, afinal.
Hoje, dia em que eu vinha todo contente para vos escrever mais uma estória de chupa-chupas, recebi a resposta, em que ela se identificava como sendo a Joana loira, que tem o rato do qual eu gostei muito. Epá. Adorei a inocência da Pintelha. Mas soou um bocado a arrogante. Como é que ela sabe que eu gostei do rato dela? Convencida...
Já agora, e para não arruinar a minha reputação de dread armado em macho latino (vá-se lá saber o quão (pouco) bem me conhece a pessoa que assim me descreveu), há a sublinhar que continuo sem saber quem é a tal Ju. Só sei que é uma Joana loira cujo rato me agradou. Qual delas será? Eis o mistério.

Pintelho

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sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Pombos

Não sei se os leitores deste blogue apreciam a família dos Columbídeos ou não. Também não sei se apreciam os exemplares da espécie à qual pertencem os pombos vulgares das cidades, mas é mesmo sobre essa espécie e sua evolução ao longo dos últimos anos que este post versa.
Deambulando pela cidade deparei-me, em tempos, com certas manchas de Columbídeos ligeiramente mais gorduchos que o habitual. Na altura, essas manchas, pareceu-me, deviam-se a diferenças alimentares. Talvez por estarem perto de centros de alimentação, ou talvez porque as pessoas lhes davam mais comida. Sabia lá.
O certo é que há dois dias fui almoçar a um daqueles pseudo-restaurantes perfeitamente desaconselháveis que dão pelo nome de McDonalds (como se eles ainda precisassem de pulicidade), restaurantes em que somos expostos, além de a cheiros nauseabundos e a gelados deliciosos (esta parte sei que devia omitir), a perigosíssimos agentes mutagénicos que a multinacional incorpora na comida, como elemento viciante. tentam introduzir mutações no nosso genoma que façam de nós McDonaldsdependentes.
Os agentes mutagénicos do dito pseudo-restaurante não são perigosos, se consumidos em doses fracas a moderadas, para os humanos, pelo que os primeiros mutantes se têm começado a ver em grandes cidades e, sobretudo, nos EUA. O primeiro aspecto físico da incorporação de novos genes é a obesidade crónica.
Mas sobre os Homo sapiens mutantes ainda não há muito a dizer. Os efeitos não se notam em termos práticos.
Mas foi enquanto dava uma dentada naquela carne de minhoca e olhava para o lado que percebi.
Os pombos. Os famosos pombos que mancham, em certos locais, a cidade de onde sou natural, a cidade que habito, a tal que segundo Jerónimo de Sousa, nem com a ajuda da Senhora do Sameiro elege este ano uma maioria de deputados de direita, são assim demasiado gordos devido aos agentes da comida Mcdonaldiana. É que se os agentes não são demasiado perigosos para nós, para esses animais bastante mais pequenos as coisas complicam-se.
Os columbídeos do McDonalds têm evoluído em pequenas populações, ocupantes de igualmente pequenos nichos e habitats juntos aos ditos pseudo-restaurantes, e acabaram por formar, segundo estudos biológicos, uma subespécie denominada Columba livia mcdonaldis, caracterizada por uma massa 30% superior à dos pombos comuns, em que o excesso de massa é composto sobretudo por tecido adiposo, e hábitos alimentares diferenciados dos dos restantes membros da mesma família. Estes animais apenas se alimentam de batata frita (sendo que se não estiver encharcada em óleo usado mil vezes, não será consumida), migalhas de pão (que tem que conter um teor elevado de polímeros artificiais, o chamado pão-de-plástico), e carne (de minhoca, previamente picada e agregada com uma mistela intragável), pelo que se crê que estes bichos se especializaram na detecção da saborosíssima comida da cadeia de restaurantes visada neste post.
Pensa-se ainda que estes animais tendem a evoluir para uma nova espécie, pois com o aumento da massa ainda em crescimento o mais provável será que tais aberrações se isolem reprodutivamente dos restantes pombos-bravos.
O que eu descobri de interessante com este estudo é que os pombos mutantes são também uma estratégia de marketing da empresa, baseada em teorias reflexológicas e comportamentais. É que os pombos não estão lá ao calhas. Foram gerados a partir dos tais mutagénicos com o intuito único de condicionarem o possível cliente.
Eu explico-me:
Os compradores do McDomalds são estimulados continuamente, desde infantes, com pombos e restaurantes da cadeia, associados. Sem darem por ela, começam, qual cãozinho pavloviano, a salivar, a associar o estímulo promovido pelos pombos gordos ao estímulo gerador de recompensa, "restaurante McDonalds".
Na vida adulta, condicionados, tal como 1 + 1 = 2, mal avistam um pombo descomunal, os clientes sentem apetite. Mas um apetite especial. Apetite por aquelas "coisas" a que a empresa insiste em denominar hambúrgueres. Não resistem. E assim se gera clientela.

Deste estudo, nada tenho contra os pombos mutantes. Apenas gostaria de lançar a discussão. Até que ponto é legítima esta estratégia da dita multinacional? E até que ponto devemos e podemos intervir no sentido de travar este marketing que esquece e viola os direitos dos animais? É verdade... Um assunto que passou ao lado dos políticos nesta campanha e que afecta milhares de pombos em todo o país. Um assunto que nos afecta a todos nós, como seres condicionáveis. Um assunto que não poderia nem deveria ter ficado de parte nesta campanha. Façámos nós a discussão, dinamizando a caixa de comentários abaixo.

Pintelho

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quinta-feira, fevereiro 17, 2005

A Internet lenta, esse flagelo da sociedade

Pois é, caros leitores. O facto é que o vosso queridíssimo Pintelho tem estado arredado destas lides blogosféricas porque o servidor de Internet que o serve usualmente, agora anda lento e quase intransitável, vá-se lá saber porquê.
Mas eu prometo ressurgir, brevemente, lavadinho, encaracolado e bem cuidado. Prometo ressurgir destas trevas a que me confinam nos dias que passam. Prometo ressurgir como um Pintelho mais forte e brilhante que nunca.
Esperem por mim. Eu voltarei.
Assim eu consiga.

Pintelho

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segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Lúcia

CDS/PP, PSD e PND (até ao momento, e tanto quanto sei) interromperam a campanha eleitoral como luto pela morte da pastorinha Lúcia.
Como?
Isso para mim é campanha eleitoral. E mais que isso. Demagogia barata. Mas, no final, cabe a cada português julgar estes actos.

Pintelho

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Namorados

Este é aquele dia em que, por defeiro, e sem perguntar a nossa opinião, o mundo espera que sejamos românticos, agradáveis, ternos, carinhosos... em suma, amantes ideais.
Este é aquele dia em que se exige aos amantes (muito mais bela palavra que namorados. Os amantes amam, a sério, e os namorados apenas namoram, com ou sem amor) que sejam disponíveis aos caprichos do outro, que se entreguem e declarem o seu amor, sem fronteiras, sem limites, sem condições.
Este é aquele dia em que os fãs do Pintelho romântico certamente vêm procurar um texto em que me declare estupidamente apaixonado pela Pintelha, um texto que veicule todo o afecto que nutro por ela, sob a forma de uma declaração amorosa estilizada.
Este é aquele dia em que digo que não. Não me vou declarar estupidamente apaixonado pela Pintelha, que o sou. E não o farei por uma simples razão. Após aquele momento em que a praia me assaltou a memória e me fez declarar, numa data indeterminada, enamorado da Pintelha, dificilmente conseguiria declarar-me novamente, sem descer o nível. E a Pintelha que eu amo, a minha amante, não merece que, no dia em que este amor é o centro do universo - pelo menos do nosso universo - eu lhe ofereça uma declaração indigna de lhe ser entregue.
Ainda tentei diferentes aproximações ao texto poético, às imagens, à pintura, mas nada. Nada que mereça ser entregue àquelas esguias mas indescritivelmente suaves mãos. Nada.
Não me declararei por palavras.
Hoje, quando estiver com quem eu amo, olhá-la-ei nos olhos, e então ela compreenderá toda a profundidade dessa declaração. Nisso, o senso comum é muito bom, e ele diz que mil palavras valem menos que uma imagem: a imagem de um olhar.
Tenho uma prenda preparada para lhe oferecer. A sociedade do consumo a isso obriga. Ofereço-lha com todo o meu amor e preocupação (que pensará se não gostar?), mas a prenda principal é o meu afecto, que sabe ser dela, que, assim o espero, segura nas mãos com o amor que ele lhe merece.

Nunca para mim este dia foi digno de tanto valor. Nunca para mim me vi tão apaixonado, nunca amei tanto, nunca soube tão bem estar unido a alguém. E nem sequer sonhei, um dia, ter a possibilidade de ver esta Pintelha nos meus braços, sorridente acima de todos os contratempos, sorridente como só ela própria.
E agora lembrei-me daquele ensaio... O dia que me deu a conhecer a maior beleza da minha vida: a dela. E esse ensaio daria uma boa declaração... E riscar todo este post para escrever a declaração? Não. Ficará para um dia especial. Para um dia em que não vença o consumismo mas sim a emocionalidade das paixões. Um qualquer amanhã.
Mas hoje, por mais forçada que seja a ocasião, quero estar com ela. Quero senti-la, amá-la. Como todos os dias, mas de um modo vibrantemente especial. Quero a Pintelha. Comigo (Mas não é esse o meu desejo quotidiano?).

Feliz dia dos namorados (mas só daqueles namorados que amam, que são amantes)

Pintelho

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domingo, fevereiro 13, 2005

Publicidade astrológica

Todos nós sabemos o quão divertido e bem humorado é receber na caixa de correio um flyer de um qualquer mestre Karamba ou Astróloga Magda Divina, mas poucos de nós lhe sabemos dar a devida atenção.
O facto é que eu, decidido a ser o primeiro Pintelho em Portugal a ler um destes papéis milagrosos do início ao fim, me revoltei.
Revoltei-me, li, reli, e cheguei à conclusão que a verdade é uma: estes mestres da metáfora escondem o seu verdadeiro jogo. Após horas e horas de intensivo estudo, concluí também que estes grandes tarados sexuais (que o são, como verão) se prestam a qualquer serviço. E com qualquer quero dizer... Qualquer.
Eis, antes de mais, um desses anúncios, ainda codificado.


ASTRÓLOGO . GRANDE MEDIUM VIDENTE

MESTRE BANGAL

Especialista de todos os trabalhos ocultos. Resultados rápidos e garantidos. Dotado de dom hereditário. Ele resolve todos os problemas, mesmo os casos mais desesperados: amor, negócios, casamento, impotência sexual, insucessos, depressão, doenças espirituais, sorte nas candidaturas, desporto, exames, atracção de clientela para os comerciantes, dificuldades familiares, protecção, retomo imediato e definitivo de quem amar, harmonia matrimonial e felicidade absoluta entre casais. Se quiser prender uma vida nova e pôr fim a tudo o que lhe preocupa, contacte o MESTRE BANGAL, ele tratará o seu problema com rapidez, honestidade e eficácia. Consultas das 9h às 22h de segunda a domingo.
PAGAMENTO DEPOIS DO RESULTADO

É bonito.
Após muito estudar (sim, gosto de enfatizar que sou um estudioso dos astrólogos), desenvolvi um sistema de descodificação de mensagens sexuais subliminarmente metaforizadas por astrólogos, e cheguei a uma descodificação total do texto encriptado. Ei-lo:

CONSELHEIRO SEXUAL . GRANDE SENHOR DA NOITE

MESTRE BANGAL

Especialista em todos os actos sexuais. Venha-se rápida e garantidamente. Dotado de um vasto arsenal de brinquedos para todos os fetiches. Ele desconstrói todos os tabus, mesmo os de gays desesperados: punhetas, putas, forca, incapacidade de se vir, falta de erecção, falta de parceiro/a, DSTs, sorte no engate, curtições, orais, atracção de clientes se aluga o corpo, encornanços, métodos anticoncepcionais, retomo imediato e definitivo daquele/a bomzão/boazona, casais liberais e praticantes de swing. Se quiser sexo sado-masoquista despreocupado, contacte o MESTRE BANGAL, ele fá-lo-à/fá-la-à vir numa rapidinha, sem compromissos e prazerozamente. Atendimentos das 9h às 22h de segunda a domingo.
PAGAMENTO DEPOIS DO SERVIÇO

Eis, caríssimos leitores, toda a verdade acerca da astrologia. Tentei estabelecer o paralelismo perfeito entre o texto implícito e aquele que nos é oferecido. O requinte no disfarce das palavras... E das verdadeiras intenções

Pintelho (moral da estória: quando te masturbares, pensa nas constelações)

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quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Vergonha

É hoje, à segura distância de onze dias do fatídico evento, que ouso comunicar pubicamente o que realmente sucedeu. Sim, porque sucedeu. De facto.
Foi quando as belas enfermeiras (confesso que não eram assim tão belas... Aliás, algumas nem sequer tinham beleza evidente ao primeiro olhar. Mas fica bem para despertar aquele eterno fetiche das enfermeiras nos leitores masculinos e, consequentemente, vender este texto) preparavam o meu corpo - tratado como um objecto, por essa altura - para a intervenção cirúrgica que se aproximava, que gritei.
E gritei porquê, perguntam os curiosos leitores (Se não pergunou porquê, então para o caro leitor, este post terminou aqui. É a punição pela falta de interesse e curiosidade que demonstra para com os meus textos).
Gritei porque vi aproximar-se rapidamente, como uma flecha disparada por um certeiro arqueiro em direcção ao meu braço, indefeso como um recém-nascido abandonado nas ruas, uma lâmina de barbear.
Imaginais certamente que Pintelho que se preze tem fobia a lâminas. Claro que tem. E eu não constituo excepção, de todo.
Claro que o grito lancinante que soltei da minha portentosa garganta teve o efeito desjado - a lâmina imobilizou-se no ar, qual efeito especial de Matrix.
- Calma lá no Brasil que Portugal ainda é nosso! Vossa mercê não crê que um nobre Pintelho permita que o toque com essa lâmina, pois não? - disse eu, numa tentativa clara de enviezar a resposta, ao que a enfermeira respondeu:
- Pintelho? Você? Bãh!
Apercebendo-me do desdém ansiosamente contido naquele "Bãh!", que significava qualquer coisa como "Como é que um gajo como tu pode ser aquele divinal e supremo escritor?", então saquei das credenciais, que é como quem diz, improvisei de imediato uma tese psicanalítica acerca de enfermeiras e seringas e de onde as enfermeiras espetam as seringas. Aí, ela pôs-se de pé atrás. Disse:
- Muito perspicaz, essa análise, mas gostaria de uma prova mais concreta de como é, de facto, o verdadeiro Pintelho que eu todos os dias idolatro, frente ao ecrã do meu computador.
Então, esquecendo-me da discrição que tento manter, de modo a não ser abordado na rua por fãs doidas que gritam histericamente o meu nome enquanto imploram autógrafos nas zonas púbicas, levantei a bata azul, única peça de vestuário que me cobria o corpo, e apresentei a minha assinatura pessoal, que é como quem diz, todo o poderio de pêlos imaculadamente conservados sem chatos que se acumula na minha púbis.
Então, ela rendeu-se. Pediu a todos que saissem da enfermaria, correu a cortina que separava a cama onde eu esperava a intervenção e a de outros espectadores, fãs meus, certamente, e saltou-me para cima. Queria festa com o Pintelho, pensei.
E aconteceu.
Pela segunda ocasião no mesmo dia, gritei.
A maluca da mulher, que nem sequer conhecia este blogue (outra coisa é difícil de esperar), aproveitara o meu devaneio para me rapar os pêlos de braço e mão.
Sim, Pintelhos e Pintelhas deste mundo. Ele está cada dia mais perdido. E eu estou tão ou mais depilado no braço que o José Castelo Branco ou o outro José, o companheiro do Diogo.
Tenham pena de mim.
Estou carente, enquanto sinto falta de meus parentes assassinados em nome de um cirurgião que não gosta de pêlos.
Hoje, como desde esse dia, estou de luto.
Pintelho

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quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Profecias

Em eras idas, formulei para o mundo uma profecia:

"Quando o dia chegar, em que um leitor deste blogue o leia desde o primeiro erro, bem ao jeito do ex-presidente da C. M. Lisboa, Pedro Santana Lopes, até ao final do último texto, então, nesse dia, o céu cobrir-se-à de negrume e o mundo estará perdido"

Hoje soube que uma leitora está a cumprir a profecia. E solta-se a maldição. José Sócrates será Primeiro Ministro. Pedro Santana Lopes será líder da oposição, e eu estou completamente podre dos intestinos. O mundo está, de facto, perdido.

Pintelho

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sábado, fevereiro 05, 2005

Dentífricos

Estava eu bastante sossegado, no dia daquele famoso debate, à espera que a acção começasse (desiludi-me, pois nunca chegou a haver acção), enquanto saboreava o aroma de cereja de umas pastilhas elásticas Orbit, quando esse aroma despertou em mim um fetiche há muito adormecido. O fetiche a que chamei "Fetiche por comer a estrelinha do Colgate Júnior"
De imediato, decidi comentar com a Pintelha que "Estas pastilhas (confesso que disse "chiclas", mas fica mal num blogue com este nível aparecer a palavra "chiclas") sabem bem e... (Aqui, corei, exactamente na altura em que me preparava para revelar o segredo acerca do meu fetiche) E... Lembram o sabor da pasta de dentes Colgate Júnior!" (Uf! Já disse, já admiti. Se souberes ler nas entrelinhas percebes logo o fetiche todo!)
"Ah! Aquela da estrelinha. A mim por acaso também me lembra esse sabor. Era tão bom... E eu comia aquilo, em vez de lavar os dentes. Depois a minha mãe perguntava porque é que a bisnaga esvaziava tão depressa. Dizia-lhe que tinha medo das cáries!"
Ahm? Então afinal tu compartilhas o meu fetiche, e eu aqui todo cagado a pensar que me ia envergonhar?!
Escusado será dizer que se seguiu uma animada conversa transgeracional, em que a mãe Pintelha também admitiu ter ingerido a dita pasta de dentes, que roubava ao filho (sim, este que vos escreve!).

Reuni mais testemunhos e descobri: O dentífrico em causa já foi ingerido por 99,9999% da população mundial (a restante percentagem é a correspondente ao Emplastro Dragão), número que me levou a ponderar seriamente várias hipóteses de trabalho, das quais surgiram algumas teorias empiricamente sustentadas.

Um primeiro facto verificado e testado prende-se com o formato fálico da bisnaga. Este é o mais facilmente explicável de entre os factos observados. Obviamente, como não poderia deixar de ser, o apelo da marca é para "espremer o tubo", algo bastante pouco romântico, mas praticado por todos naquela idade - os rapazes através da masturbação própria e as raparigas ao estimularem os parceiros. É claro que o paralelismo que pretendem estabelecer se extende ao prazer que advém do "apertar o tubo".
De seguida, concentrado em estudar o factor "estrelinha" da coisa, pensei na melhor explicação possível e plausível para o facto, concluindo algo hilariantemente inovador e criativo por parte dos responsáveis Colgatianos.
Baseados no facto sabido de que os consumidores-alvo da pasta de dentes são fervorosos adeptos da pornografia on-line (representam cerca de 90% dos visualizadores deste tipo de páginas), sabendo também que as crianças não têm acesso a cartões de crédito que lhes permitam pagar a visualização das páginas, e ainda que as páginas, a menos que os utilizadores paguem, ostentam belas estrelas nos mamilos, clitóris, glandes e zonas afins, a fim de encobrir o fruto do desejo, os criativos da Colgate decidiram atribuir a forma de estrela ao conteúdo da bisnaga. Assim, é óbvio o apelo ao consumismo por parte dos pequenos tarados sexuais que, revendo-se e às páginas porno na estrelinha que aparece na ponta da bisnaga (como as que aparecem na ponta das glandes), consomem o produto na ânsia de que, acabado o conteúdo, a verdadeira essência da pornografia se revele, enfim, sem ter que pagar por ela.
O facto último é que a Colgate adiciona ao dentífrico em causa pequenas doses de drogas alucinogénicas causadoras de dependência, cujos efeitos são óbvios. As raparigas, após ingerirem a primeira dose da coisa, sob o efeito das drogas, olham para a bisnaga e vêem um falo luzidío e muito especial, pois se for apertado deita uma pasta azulada, em forma de estrela, que as deixa sexualmente excitadíssimas. Os rapazes têm momentos de delírio em que se julgam homossexuais em pleno sexo oral com um negro, e lhe esvaziam o enorme "coiso" de todo aquele poder que sempre envergonhou os brancos.
A conclusão deste último facto é óbvia: O Colgate Júnior, ainda que sendo onofensivo para as mulheres, fomenta o racismo entre os homens, pelo que deve imediatamente ser retirado do mercado.

Pintelho (Admito. Escrevi este texto após uma noite mal dormida... Deu nisto! Mas não concordais que o dentífrico em causa deve ser retirado do mercado? Vamos erguer uma liga e travar uma luta com esse fim?)

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sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Do debate de Quinta-feira

Apenas retiro uma conclusão, lógica e rápida, pois mais que isso esses senhores não merecem: É assustador pensar que aqueles dois serão Primeiro-Ministro e líder da oposição daqui a pouco mais de duas semanas. Assustador.

Pintelho

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quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Admito: Os blogues são um vício.

E é nestas alturas de carência, quando a mão ligada impede o púbico artista de tocar o seu púbico instrumento (não confundam, por favor, com o vulgarmente apelidade pífaro) que os blogues se afirmam como um saudável passatempo. E que tempo se passa na companhia das letras.
No caso, das imagens.
José Pacheco Pereira postou, no dia da minha operação, a imagem que se encontra abaixo, de Fátima Simões, no seu Abrupto.
Hoje, quando fui pôr a leitura do Abrupto em dia, dei comigo a viajar.
Foi aqui perto. A escassos metros. Por trás daquela duna que se esconde perto do canto superior esquerdo da imagem...



Viajei primeiro até ao dia em que te mostrei esta imagem. Não exactamente assim. Aquele rio de baixo está sempre a alterar o seu percurso pelo areal. Não gosta de monotonias, de correr sempre o mesmo trilho. Nem nesse mês eu gostei. Nesse mês, seguindo o sábio conselho do rio, mudei.
No dia em que te mostrei esta imagem, lembro-me ainda, mostraste-me, tímida, o teu bikini do Brasil. Aquele que me prendeu ao teu corpo. À tua simpatia, ao teu sorriso e aos teus lábos, contudo, já me havias prendido, dias antes (terão sido meses?), quando ambos percorríamos, ainda, leitos diferentes. Hoje, agradeço ao rio da imagem, que corria por trás de nós, escondido pelas árvores, mas fazendo-se notar com ruídos gorgolejantes, por nos ter apadrinhado no dia em que nossos leitos se uniram num só.
Divaguei. De volta ao bikini.
Desculpaste o parco tecido que te cobria o corpo. Não supunhas que fosses apanhar sol. Mas as gaivotas que cobrem a fotografia só aparecem ao final da tarde. Durante o dia o areal é nosso. Não esperavas que te deixasse vestida, a sujar a roupa, quando podias tingir de bronze a tua suave pele, enquanto eu te besuntava as costas com aqueles óleos, que usei como pretexto para te tocar e massajar.
Nesse dia almoçámos juntos.
Uns dias depois, por trás da dita duna, num sítio mágico que sempre recordarei e espero nunca desaparecer nem mudar, aconteceu.
Tremias... Eu estava nervoso. Que faço, afinal? Estarei a agir bem?
Deitados nas toalhas, envolvidos pelo turbilhão de emoções que nos serviu de guia durante aqueles quinze dias, deixámos que o que mais desejávamos acontecesse. E aconteceu o mais belo momento. O amor e a paixão, guiados pela insegurança de quem sabe tratar-se esse de um amor ainda proibido (assim o foi, por mais de um mês), culminaram num primeiro beijo rápido, fugaz. O beijo que marcou a transição. Após encontrar o tesouro dos teus lábios, como que preso ao reluzente ouro de um baú acabado de abrir, pedi mais. Não. Roubei mais. O tesouro que te roubei, roubo e espero poder continuar a roubar.
Passou o medo, transformando-se em felicidade e excitação. O turbilhão desfez-se, soprando, desde então, numa leve brisa que impulsionou a nossa relação na direcção que hoje continouo a desejar. E prossigo navegando no mar da fotografia, esperando que a calmaria em que o amor esmoreça não chegue nunca.
Obrigado, JPP, pela viagem que me proporcionou. E obrigado, Pintelha, por teres proporcionado que hoje, a recuperar de uma operação, tenha acedido à mais bela memória da minha vida, através de uma simples imagem.

Pintelho

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quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Braço ao peito

Ou seja, e tendo eu sido operado à mão direita (faria trocadilhos porcos se conseguisse escrever fluentemente), na minha condição de dextro, vejo-me forçado a fechar este blog para férias.
Volto quando conseguir.

Beijinhos, abraços e muitos palhaços

Pintelho

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